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As sociedades tradicionais possuíam noções de tempo e espaço voltadas às suas necessidades mais imediatas. Quando as principais atividades dos homens e mulheres eram caçar plantar e colher havia uma
profunda relação com os ciclos de tempo da natureza. Tornava-se imprescindível observar o comportamento sazonal dos animais e plantas. Neste contexto, o tempo é cíclico e local, contado pelas estações do ano.

A invenção do relógio mecânico foi um marco importante na transição das sociedades tradicionais para as modernas, ele marca um tempo linear e artificial, além de permitir uma medida universal.

A sociedade industrial foi preparando os indivíduos para uns conceito diferente de tempo. Sua noção moderna produziu um sentimento entre os indivíduos de que o mundo estava encolhendo. As distâncias pareciam diminuir e as comunidades passaram a calibrar seu senso de tempo com o de outras do outro lado do globo.

Contar a passagens do tempo tornou-se uma necessidade universal. Em um mundo que se torna cada vez mais interligado por complexas redes de transporte e comunicação, foi e é cada vez mais importante a integração de vários fusos horários para a maior eficiência desses sistemas. As transações financeiras, por exemplo, dependem do conhecimento da hora em centros econômicos localizados em diferentes partes do mundo.

O que percebemos hoje é um acirramento das relaçóes tempo e espaço, colocando a fragmentação do tempo em toda parte, no cotidiano dos indivíduos que constantemente reclamam da falta de tempo, agora insuficiente para atender ao acúmulo de tarefas que o nosso século acelerado nos impõe.

Tempos Modernos (Modern Times) é um filme de 1936 do cineasta britânico Charles Chaplin, em que o seu famoso personagem “O Vagabundo” tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado.

A vida humana, em sua totalidade, transcorre nos eixos do tempo e do espaço, ou seja, o tempo é percebido e concebido a partir do que é observado pelos indivíduos, sobre o que se altera e se transforma ao seu redor, e que embora seja pensado e usado, é difícil de ser definido. Entretanto, todos os povos manifestam em sua cultura aspectos fiurdamentais sobre o tempo. E histórica e socialmente concebido conforme os referenciais culturais de cada localidade e por isso é múltiplo. O tempo global, como observarmos atualmente, é o resultado do processo histórico de uma estrutura temporal particular, implantado por uma cultura européia.

Cada um dos povos indígenas brasileiros, por exemplo, apresenta seu próprio modo de expressar e se relacionar com o tempo. As mudanças observadas no meio ambiente são interpretadas de acordo com as concepções filosóficas e cosmológicas de cada um desses agrupamentos, e são expressas de acordo com suas diferentes categorias linguísticas. Em termos cosmológicos, o tempo é concebido por esses grupos ora como infinito, ou seja, não tendo nem início ou fim, ora como finito, apresentando um começo e, por vezes, um fim definidos.

Os Kayapó concebem o tempo como infinito, como não tendo um marco inicial: ele sempre existiu e existirá.

O tempo Guarani, que é finito, começa quando Nhamandu, a divindade criadora, através de um movimento contínuo de expansão, cria a partir da noite original o universo atualmente existente. Segundo a concepção guarani, o espaço e o tempo têm um começo, um instante inicial, e apresenta igualmente um fim, causado pela destruição da Terra.

Quanto à expressão linguística, a marcação temporal Guarani e de outros grupos da família Tupi-Guarani é bem caracterizada, especialmente no que se refere às noções de futuro e de passado, as quais não afetam apenas as ações, mas igualmente os nomes e as coisas.

Por exemplo, um Guarani não diz que está construindo uma casa, mas construindo a “casa-que-virá-a-ser”. O mesmo se aplica ao passado, isto é, “aquilo-que-foi” ou “aquilo-que-dexou-de-ser”. Assim para expressar a idéia de uma casa que não existe mais, dizem “rokue” (que-deixou-de-ser).

Calendário Waiápi

O calendário Waiápi representa os ciclos da natureza no Amapá, região desse grupo indígena. A agricultura é uma atividade central na vida dos Waiápi. A abertura das clareiras condiciona a localização das habitações permanentes e o ritmo dos deslocamentos sazonais; os produtos das plantações de curto, médio e longo ciclos correspondem a 50% dos alimentos consumidos pelo grupo.