O Vulgarisador: jornal dos conhecimentos úteis (1877 – 1880) foi editado por Augusto Emilio Zaluar. Em um artigo de 1877 O Vulgarisador afirmava que era recente no Brasil o processo de ilustração de livros e jornais, que eram gravados a mão, mas que com o advento do processo fotográfico podia-se, a partir daquele momento, transportar a imagem para uma chapa de zinco ou cobre. Os números 12 e 17 do jornal trouxeram, inclusive, imagens produzidas a partir deste novo processo, chamado de Leggo de New York. A publicação teve 38 números e 37 ilustrações (o único número que não contou com a presença de imagens foi a edição especial sobre os trezentos anos de Os Lusíadas de Camões). Diferente de outras publicações seriadas que circularam no século XIX, como a Revista Ilustrada, a Revista Brasileira e o Almanack Leammert, o jornal que possuía esse sugestivo nome de O Vulgarisador pode ser considerado uma revista com recursos visuais rústicos e de pouca definição, se comparado com os demais periódicos. Mesmo assim, O Vulgarizador é uma rica fonte para a compreensão do público de ciência, além de ser praticamente desconhecida.
O seu editor era o português Augusto Emílio Zaluar (1825-1882), que chegou a cursar a Escola Médico-cirúrgica de Lisboa e veio para o Brasil em 1849. Tratou então do viver dos seus trabalhos literários e jornalísticos, conseguindo alcançar grande popularidade, sendo a sua colaboração muito requisitada por todos os jornais. Em 1876, recebeu a comenda da Ordem da Rosa e era amigo de escritores como Machado de Assis e José de Alencar, nunca mais voltou a Portugal, apesar de manter contato com escritores portugueses como Alexandre Herculano. Publicou alguns dos seus trabalhos, sobre questões econômicas e administrativas do Brasil, e outras literárias. Suas mais conhecidas são: “Peregrinações pela Província de São Paulo (1860-1861)” de 1862, e “Doutor Benignus” (1875) tida como a primeira ficção científica brasileira.
As representações de ciências em espaços de divulgação no Basil Oitocentista
Dissertation sur le terme « vulgarisation scientifique » tel qu’utilisé au Brésil au XIXe siècle.
Moema Vergara