O Vulgarizador :: Jornal dos Conhecimentos Úteis por Moema Vergara

Estados Unidos

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Os Estados Unidos, Exposições e a presença feminina

O tema da gravura d`O Vulgarisador de dezembro de 1877 foi a chegada de um trem de ferro. Nela, nota-se as bandeiras dos Estados Unidos, sinalizando a origem da mesma. Nesta mesma imagem é possível ver homes e mulheres lado a lado saudando um dos símbolos do progresso do século XIX: o trem a vapor. Muitos brasileiros do final do século XIX viam os norte-americanos com desconfiança, tidos como pouco refinados se comparados aos padrões europeus, mas era claro que aquele povo estava fundando uma civilização baseada na técnica o que ameaçaria eventualmente a supremacia européia. Outros acreditavam que se lucraria mais se o Brasil estivesse atento a um país eminentemente “progressista” como os Estados Unidos. Sem dúvida alguma, um momento importante de sua manifestação potencialidade foi a Exposição de Filadélfia, em 1876, para celebrar o centenário da independência norte-americana.

A Exposição produziu diversos impressos e livros, dentre eles “Ilustrated Historical Register of the Centennial Exhibition” por Frank Norton de 1876. Através da pesquisa, foi possível identificar este livro, que contava com 800 gravuras, como a fonte para diversas imagens presentes no jornal O Vulgarisador, como pode ser visto na imagem do escravo liberto e do farol. As referencias aos Estados Unidos são constantes, não se restringindo apenas à Exposição de Filadélfia, em suas páginas podem-se encontrar matérias sobre Graham Bell e sobre o Reverendo George, figura na qual Harriet Beecher Stowe se inspirou para escrever a Cabana do Pai Tomaz, sucesso editorial em vários países na segunda metade do século XIX.

Na época em que O Vulgarisador circulava no Brasil, as mulheres eram uma parte da sociedade que estava começando a se afirmar também como parte do público de ciências. Em sua capa, O Vulgarizador afirma que é “colaborado por homens da ciência e estudiosos”, mas não esquece que as mulheres também fazem parte do público a que se destina, uma vez que a presença feminina nas gravuras não representava as mulheres brasileiras, mas em sua grande parte, eram extraídas das publicações da Exposição da Filadélfia.