Laboratório do MAST é referência na preservação de documentos em papel
Entre os serviços realizados estão o diagnóstico, higienização, acondicionamento, monitoramento climático e inspeção dos espaços de conservação.
Criado em 2004 pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), o Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos em Papel (LAPEL) é responsável pela preservação do Acervo Arquivístico e Bibliográfico da instituição. Entre os serviços realizados estão o diagnóstico, higienização, acondicionamento, monitoramento climático e inspeção dos espaços de conservação.
O Laboratório também desenvolve projetos de parceria com outras instituições, com objetivo de orientá-las no trabalho de preservação. Destaque para as parcerias com o Centro de Documentação da Aeronáutica, para tratamento do acervo pessoal do inventor Santos Dumont; e com o Museu Nacional, para conservação do acervo de antropologia física. Atualmente, o Lapel orienta a preservação do acervo do Observatório Magnético de Vassouras, unidade do Observatório Nacional destinada ao estudo do campo magnético da Terra.
O serviço do Lapel não se restringe ao tratamento técnico de documentos. Também é função do laboratório realizar pesquisas na área. A principal delas diz respeito ao mecanismo de envelhecimento e corrosão da tinta ferrogálica, utilizada durante séculos no mundo ocidental para a escrita em papel. No Brasil, foi largamente empregada entre os séculos XIX e começo do século XX. A formulação clássica da tinta ferrogálica possui quatro ingredientes básicos: noz de galha, sulfato ferroso, goma arábica como espessante e um meio aquoso. Os taninos presentes na noz de galha reagem com o ferro do sulfato ferroso e, depois de seguidas reações de oxidação, dão origem a um pigmento escuro que penetra com facilidade no papel, sendo de difícil remoção. Dependendo das condições em que os documentos estão armazenados, o envelhecimento natural pode desencadear um processo corrosivo e causar danos consideráveis e irreversíveis ao documento. Nesses casos, é comum observar perfurações, formação de halos, esmaecimento e migração da tinta. O objetivo da pesquisa é investigar o comportamento das tintas ferrogálicas preparadas com diferentes fontes de taninos vegetais para que possam ser empregadas as melhores técnicas de preservação dos docuemntos. Já se sabe que taninos hidrolisáveis reagem de maneira mais eficiente com o ferro do que os taninos condensados. Assim, tintas preparadas com o primeiro tipo de tanino são menos propensas a degradar o papel em que estão impregnadas.
Grande parte do acervo arquivístico do MAST foi redigida com o emprego de tintas ferrogálicas. Um bom exemplo são alguns documentos do acervo do pesquisador Luiz Cruls, célebre por ter chefiado, em 1892, a equipe de cientistas que realizou a exploração do Planalto Central. Na época, foram estudadas as condições climáticas, a natureza do terreno, entre outros aspectos da região onde, em 1960, foi construída a capital Brasília.
O acervo arquivístico sob a guarda do MAST é composto atualmente por mais de cinquenta arquivos pessoais, de instituições científicas brasileiras e coleções de documentos avulsos. Em metros lineares isso representa em torno de 1.500 metros de documentos textuais, iconográficos, cartográficos, tridimensionais e audiovisuais. Além do acervo de Luis Cruls, estão entre os destaques o Arquivo do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas, integrante do Programa Memória do Mundo da UNESCO; o arquivo CNPq, referencial para pesquisas sobre fomento à pesquisa e a política científica brasileira; e os arquivos do Observatório Nacional.
Já o Acervo Bibliográfico, sob a guarda da Biblioteca do MAST, contém obras relacionadas à astronomia, história da ciência, educação e divulgação da ciência, museologia, preservação e patrimônio de ciência e tecnologia. No total, estão sob guarda cerca de 27 mil títulos, entre livros, folhetos, monografias, dissertações, teses, periódicos nacionais e estrangeiros, CDs, DVDs. Há ainda os documentos em meio eletrônico e o material bibliográfico que acompanha os arquivos pessoais de cientistas e coleções especiais.
O LAPEL oferece ainda aulas práticas para os alunos dos cursos de pós-graduação do MAST e de cursos de extensão, que permitem o desenvolvimento de projeto de pesquisa aplicada, dissertações e monografias.
Texto de Rodrigo Pelot
Criado em 2004 pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), o Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos em Papel (LAPEL) é responsável pela preservação do Acervo Arquivístico e Bibliográfico da instituição. Entre os serviços realizados estão o diagnóstico, higienização, acondicionamento, monitoramento climático e inspeção dos espaços de conservação.
O Laboratório também desenvolve projetos de parceria com outras instituições, com objetivo de orientá-las no trabalho de preservação. Destaque para as parcerias com o Centro de Documentação da Aeronáutica, para tratamento do acervo pessoal do inventor Santos Dumont; e com o Museu Nacional, para conservação do acervo de antropologia física. Atualmente, o Lapel orienta a preservação do acervo do Observatório Magnético de Vassouras, unidade do Observatório Nacional destinada ao estudo do campo magnético da Terra.
O serviço do Lapel não se restringe ao tratamento técnico de documentos. Também é função do laboratório realizar pesquisas na área. A principal delas diz respeito ao mecanismo de envelhecimento e corrosão da tinta ferrogálica, utilizada durante séculos no mundo ocidental para a escrita em papel. No Brasil, foi largamente empregada entre os séculos XIX e começo do século XX. A formulação clássica da tinta ferrogálica possui quatro ingredientes básicos: noz de galha, sulfato ferroso, goma arábica como espessante e um meio aquoso. Os taninos presentes na noz de galha reagem com o ferro do sulfato ferroso e, depois de seguidas reações de oxidação, dão origem a um pigmento escuro que penetra com facilidade no papel, sendo de difícil remoção. Dependendo das condições em que os documentos estão armazenados, o envelhecimento natural pode desencadear um processo corrosivo e causar danos consideráveis e irreversíveis ao documento. Nesses casos, é comum observar perfurações, formação de halos, esmaecimento e migração da tinta. O objetivo da pesquisa é investigar o comportamento das tintas ferrogálicas preparadas com diferentes fontes de taninos vegetais para que possam ser empregadas as melhores técnicas de preservação dos docuemntos. Já se sabe que taninos hidrolisáveis reagem de maneira mais eficiente com o ferro do que os taninos condensados. Assim, tintas preparadas com o primeiro tipo de tanino são menos propensas a degradar o papel em que estão impregnadas.
Grande parte do acervo arquivístico do MAST foi redigida com o emprego de tintas ferrogálicas. Um bom exemplo são alguns documentos do acervo do pesquisador Luiz Cruls, célebre por ter chefiado, em 1892, a equipe de cientistas que realizou a exploração do Planalto Central. Na época, foram estudadas as condições climáticas, a natureza do terreno, entre outros aspectos da região onde, em 1960, foi construída a capital Brasília.
O acervo arquivístico sob a guarda do MAST é composto atualmente por mais de cinquenta arquivos pessoais, de instituições científicas brasileiras e coleções de documentos avulsos. Em metros lineares isso representa em torno de 1.500 metros de documentos textuais, iconográficos, cartográficos, tridimensionais e audiovisuais. Além do acervo de Luis Cruls, estão entre os destaques o Arquivo do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas, integrante do Programa Memória do Mundo da UNESCO; o arquivo CNPq, referencial para pesquisas sobre fomento à pesquisa e a política científica brasileira; e os arquivos do Observatório Nacional.
Já o Acervo Bibliográfico, sob a guarda da Biblioteca do MAST, contém obras relacionadas à astronomia, história da ciência, educação e divulgação da ciência, museologia, preservação e patrimônio de ciência e tecnologia. No total, estão sob guarda cerca de 27 mil títulos, entre livros, folhetos, monografias, dissertações, teses, periódicos nacionais e estrangeiros, CDs, DVDs. Há ainda os documentos em meio eletrônico e o material bibliográfico que acompanha os arquivos pessoais de cientistas e coleções especiais.
O LAPEL oferece ainda aulas práticas para os alunos dos cursos de pós-graduação do MAST e de cursos de extensão, que permitem o desenvolvimento de projeto de pesquisa aplicada, dissertações e monografias.
Texto de Rodrigo Pelot
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