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O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) exibe, pela primeira vez, a exposição itinerante "Céu Ticuna", com o tema conhecimento do céu, sazonalizade e sustentabililidade em enunciados iconográficos dos artefatos rituais indígenas. A exposição será realizada entre os dias 13 e 23 de outubro no hall do Prédio Anexo do MAST e sua exibição ocorrerá sempre de 3ª à 6ª feira, das 9h às 17h.

"Céu Ticuna" revela o conhecimento dos índios Ticuna do Amazonas sobre o céu e a sazonalidade da chuva e da estiagem orienta as estratégias de subsistência no que se refere ao desenvolvimento de atividades agrícolas e pesqueiras, envolvendo a sustentabilidade econômica. Para isso, a mostra articula visualmente o movimento dos corpos celestes nas viagens do etnólogo alemão Curt Nimuendajú em 1941 e 1942 para a área dos Ticuna com a iconografia dos artefatos coletados nestas mesmas viagens.

"Embora a interpretação indígena não coincida exatamente com as explicações científicas hoje válidas sobre o movimento dos planetas e estrelas no céu, as técnicas de identificação do céu permitem correlacionar a visão de mundo indígena e as classificações universalmente aceitas em Astronomia", explica a curadora da exposição e pesquisadora da Coordenação de História da Ciência do MAST, Priscila Faulhaber. Curt conviveu com um grande número de etnias indígenas, de várias regiões do Brasil, por mais de 40 anos, incluindo a etnia Ticuna do Amazonas.

A exposição conta com 12 painéis fotográficos compostos de fotos dos artefatos coletados por Curt Nimuendajú para o Museu Goeldi em 1941 e1942; fotos dos índios Ticuna de 1997 a 2010 capturadas em pesquisas de campo feitas por Priscila Faulhaber, bem como fotos de áreas do céu relacionadas aos corpos celestes e constelações referidas na iconografia dos artefatos. "Céu Ticuna" também terá exibição de um DVD sonoro composto por três vídeos sobre o ritual de puberdade feminina Ticuna e o meio ambiente, e uma roda celeste feita por uma artesã Ticuna.

"Céu Ticuna" vai ao encontro do conceito de economia verde em que se supõe que práticas e conhecimentos de uma ampla gama de atores sociais devam ser considerados em programas de desenvolvimento sustentável. Tem o objetivo de ser uma contribuição da história da ciência para contemplar aspectos do conhecimento dos índios Ticuna sobre o céu e a sazonalidade. Esta abordagem pode contribuir para estratégias de desenvolvimento científico e tecnológico e inovação, possibilitando ainda a inclusão do conhecimento destes índios na comunidade de informação.

A exposição também disponibilizará a quinta tiragem do CD-Rom Magüta Arü Inü, que trabalha a ideia de jogo da memória dos Ticuna ao contemplar a iconografia dos artefatos rituais. A iconografia é uma forma de linguagem visual que utiliza imagens para interpretar determinado tema. O CD-Rom contempla a iconografia dos artefatos e traduz, por exemplo, visualizações de sonhos histórias contadas pelas avós às moças iniciadas no seu ritual de puberdade feminina. O Magüta Arü Inü foi elaborado em 2002 em conjunto com os índios Ticuna sessenta anos após a coleta dos artefatos por Curt Nimuendajú,. Agora em 2015, o CD-Rom atinge sua quinta tiragem e coincide com os 70 anos da morte de Curt, a se completar em 10 de dezembro de 2015. O MAST fica na Rua General Bruce, 586, no Bairro Imperial de São Cristóvão, RJ. Entrada gratuita.