O célebre etnólogo Curt Nimuendaju esteve entre os Ticuna em 1941 e 1942. Ele registrou sistematicamente o conhecimento do povo Ticuna correlacionando a cultura deste povo com sua organização social. Apresentamos nesta exposição artefatos coletados para o Museu Goeldi e o Museu Nacional em suas viagens de 1941 e 1942. A iconografia destes artefatos permite pensar em aspetos do conhecimento do povo Ticuna sobre o meio ambiente.

Os índios Ticuna vivem na região de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. As organizações Ticuna e órgãos indigenistas estimam uma população de cerca de sete mil no Peru, nove mil na Colômbia e 47 mil no Brasil.

Os índios observam de modo continuado o movimento dos corpos celeste visíveis a olho nu. Este conhecimento permite reconhecer elementos recorrentes da sazonalidade das chuvas e da estiagem. A observação dessas variações permite adaptar suas estratégias de subsistência em termos do uso dos recursos agrícolas e pesqueiros. Tal conhecimento baseia-se na cosmovisão Ticuna que correlaciona o que acontece no céu e na atmosfera com os ânimos dos "donos" da floresta, da chuva, do rio etc.