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A exposição “Fotografia, ciência e arte” inaugurada no dia 18 de maio como uma das atividades do MAST na Semana Nacional de Museus, cujo tema para 2009 era museus e turismo. A contribuição do MAST para este evento foi explorar as várias nuances de um acessório quase sempre imprescindível para o turista: a fotografia. Assim, a exposição coloca à disposição do público, parte do acervo de câmeras, equipamentos e fotografias, além da realização de oficinas de lata fotográfica.


Não foi apenas a coincidência com o ano internacional da astronomia que nos permitiu a inclusão do tema da fotografia astronômica nesta amostra. Cabe lembrar que a exposição está montada na cúpula da “luneta equatorial 21”, que conta com uma câmara fotográfica, a ela acoplada, e em cujo subsolo funcionou um laboratório de revelação de fotografias astronômicas. A utilização da fotografia na astronomia abriu outras possibilidades de observação até então impossível ao olho humano, que se materializou em uma nova percepção do tempo. A partir de deste momento, o instante pode ser artificialmente congelado, retalhado, acelerado e tornado reversível.


O mesmo processo que na ciência representou um salto qualitativo no trabalho do cientista está presente na fotografia vista como um artefato da memória pessoal ou coletiva ou em sua apropriação estética. Neste sentido, a exposição visa mostrar utensílios empregados no processo de revelação das fotografias, como vidrarias e balança de precisão nos quais os produtos químicos eram preparados. A idéia que motiva esta exposição é tornar visível algo geralmente oculto, ou seja, o aspecto técnico da fotografia, sem invalidar seu caráter estético.


Assim, foram selecionadas imagens inéditas do arquivo do MAST, feitas durante a viagem do astrônomo Henrique Morize em 1903 para fazer a demarcação da fronteira do Brasil com a Argentina. Podemos ver que Morize utiliza sua câmera tal qual um “turista” que registra paisagens e costumes por onde passa. As fotos de Morize agora expostas podem ser vistas por diversos olhares, por seu valor científico, histórico e estético. Esta dupla inserção da fotografia científica, que também pode ser vista como obra de arte já foi explorada em diversos trabalhos. Assim, é possível conceber a fotografia e seus equipamentos enquanto motivo de inspiração para o trabalho em infogravuras do artista plástico Ivo Almico. Estas imagens representam o olhar subjetivo do artista sobre os aparatos que são tidos como instrumentos de precisão e objetividade na apreensão da realidade.


Moema de Rezende Vergara