Os descobrimentos de novas terras, resultados de viagens marítimas realizadas pelos europeus durante os séculos XV e XVI, não aconteceram ao acaso. Embora a história das navegações esteja repleta de aventuras, sucessos e tragédias, sair pelos mares não era uma jornada sem rumo previamente estabelecido. Ao contrário, os cosmógrafos e pilotos levavam consigo todo o material que permitisse o deslocamento seguro e confiável para os padrões da época.
Durante as viagens, quando as condições eram favoráveis, tomava-se a altura do Sol ao meio dia - momento em que essa estrela passa pelo meridiano do lugar (para se determinar a latitude). O mesmo era feito à noite, a partir da observação das estrelas mais brilhantes que compunham as constelações conhecidas. O cálculo da longitude era feito por estimativa, a partir da observação da estrela Polar, no hemisfério norte, e das estrelas da constelação do Cruzeiro, no hemisfério sul.
O conhecimento científico sobre as propriedades da esfera e a utilização de instrumentos que permitiam determinar a altura dos astros, possibilitaram a aventura atlântica, iniciada pelos portugueses e espanhóis no século XV. O Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) vem mostrar, através da exposição “Olhar o Céu, Medir a Terra”, como a astronomia e outros saberes foram de fundamental importância pra expansão ultramarina.
Uma parte significativa do acervo do MAST dialoga com esse tema. Na mostra, estão expostas peças originais do século XIX que pertenceram ao Imperial Observatório, hoje Observatório Nacional (ON). Além de réplicas de instrumentos dos séculos XVI e XVII, documentos, mapas, vídeos e fotografias de diferentes períodos da história da ciência no Brasil. Instrumentos que permitiam medir as alturas dos astros como os astrolábios, quadrantes, balestilhas e a bússola; e eram utilizados para confeccionar cartas náuticas como compassos e réguas.