Apresentação
A exposição "Observações do Recife holandês" realizada pelo Museu de Astronomia e Ciências Afins, apresenta o resultado de um trabalho desenvolvido pelas quatro áreas de atuação da instituição: história das ciências, museologia, divulgação e educação em ciências.
"Observações do Recife holandês" reconstitui parte dos trabalhos de Jorge Marcgrave, jovem sábio que viveu na América entre 1638 e 1644. No Recife, ele realizou observações sobre o clima,as terras, as plantas, os animais, as gentes e o céu do Hemisfério sul, até então pouco conhecido entre os astrônomos europeus. A exposição vai além da divulgação deste episódio; ela busca despertar a curiosidade dos visitantes, levando-os a experimentar uma observação astronômica sem o auxílio de computadores e de telescópios de alto alcance, que hoje trazem para os observatórios espalhados em todo mundo informações sobre objetos que jamais poderiam ser vistos a olho nu. A opção de instalar o quadrante no campus, próximos a outros instrumentos mais modernos deixa claro este contraste tecnológico.
O quadrante, objeto central da exposição, foi instrumento de observação da altura dos astros, há séculos atrás, servindo para obter a hora e moldar o cotidiano. A exposição, ao contar a história desse instrumento usado por Marcgrave, no Recife, ensinará a medir a altura dos astros, mostrando, na sua simplicidade, a complexidade do raciocínio dos cálculos que ele encobre, hoje tão facilmente resolvidos por recursos tecnológicos sofisticados. O desafio da exposição, ao propor a observação do céu diretamente com o quadrante, será fazer o público se aproximar do funcionamento de um artefato cujo princípio matemático que o rege nunca perdeu a atualidade.
Para esta exposição, o quadrante foi construído a partir das descrições de época e de pesquisas recentes desenvolvidas com o auxílio de recursos técnicos e softwares específicos, que permitiram a releitura de uma experiência observacional realizada no Recife.
Heloisa Maria Bertol Domingues