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SOBRE O PROJETO
Durante o período ditatorial que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 inúmeros pesquisadores e professores universitários foram submetidos a inquéritos policiais militares, demitidos, aposentados, exilados, torturados e mesmo mortos. Muitos tiveram suas carreiras interrompidas, enquanto outros buscaram instituições de ensino e pesquisa no exterior para continuar suas atividades acadêmicas. Setores, instituições e lugares historicamente ligados à crítica social e à formação intelectual brasileira ou mesmo exclusivamente à pesquisa científica foram duramente cerceados.

O presente projeto consiste num levantamento dos pesquisadores e professores universitários perseguidos ou que tiveram suas carreiras acadêmicas prejudicadas em função de questões de natureza política. Para cada cientista, foi elaborado um verbete com informações sobre as violências sofridas e/ou prejuízos em sua carreira e os rumos que tomou a partir de então, proporcionando uma espécie de follow-up da trajetória do pesquisador após os expurgos. O presente repertório permitirá que a sociedade brasileira e o próprio meio acadêmico conheçam melhor os impactos e os prejuízos causados pela ditadura militar na vida dos cientistas e da própria ciência brasileira.

Para efeito deste trabalho foram considerados aqueles que na época do expurgo eram professores universitários, alunos de pós-graduação, pesquisadores atuantes em institutos de pesquisa ou que possuíam uma atividade acadêmica caracterizada por publicações, participações em associações científicas etc. Não há restrições com relação à área acadêmica de atuação, incluindo tanto professores e pesquisadores que atuam ou atuaram em áreas de maior tradição científica, como física, química, biologia ou história, como professores ligados às artes plásticas, letras, cinema etc., desde que vinculados à universidade na época em que foram vítimas de algum tipo do expurgo.

Não são, contudo, incluídos no presente levantamento professores de curso secundário, pessoal técnico ou administrativo das universidades ou que eram estudantes de graduação na época em que sofreram o expurgo, mesmo que posteriormente tenham se tornado renomados cientistas. Exceção foi feita para aqueles que, além da função de professor universitário, eram alunos em cursos de pós-graduação ou exerciam atividades técnicas na própria universidade ou em outras instituições, os quais foram incluídos no repertório.

O Repertório sobre os cientistas perseguidos durante a ditadura militar no Brasil é parte da pesquisa em andamento intitulada “Estudos Históricos sobre Informação e Vigilância no Brasil: de Castelo a Snowden”, com financiamento do CNPq pelo Edital Universal de 2014. A pesquisa busca construir uma história dos conceitos de informação e de vigilância tendo como pano de fundo o cenário brasileiro, de forma a elaborar uma análise conceitual, em perspectiva interdisciplinar, e de suas imbricações enquanto elementos e práticas constituintes do status quo do Estado e de seu regime informacional passado e presente.

Neste sentido, o Repertório cumpre também a função de um estudo de caso no qual o papel da vigilância, proveniente da produção de informação pelo Sistema Nacional de Informações (SISNI) durante a ditadura, no âmbito das universidades e centros de pesquisa brasileiros, se torna evidente. Ademais, será a partir do Repertório que será efetuado um levantamento quantitativo e qualitativo dos atores deste cenário científico brasileiro, perseguidos pela ditadura em suas universidades e centros de pesquisa; com o objetivo de identificá-los em uma obra de referência para pesquisas futuras.

Trecho sobre o projeto no Relatório da Comissão Nacional da Verdade
"Não existem dados sistematizados sobre o número de estudantes, professores e funcionários presos durante os 21 anos do regime militar. Contudo, dados parciais existentes permitem uma estimativa da abrangência da repressão no meio universitário brasileiro. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) estão realizando, no ano de 2014, uma identificação dos cientistas perseguidos durante a ditadura militar (1964-1985). O projeto tem o objetivo de organizar verbetes dos professores e cientistas que, de alguma forma, sofreram algum tipo de perseguição em suas carreiras ou foram expurgados durante a ditadura. Estima-se entre 800 e 1.000 o número de pesquisadores perseguidos de 1964 a 1985." Veja o Relatório final da Comissão Nacional da Verdade.

Para saber mais sobre o projeto, veja o artigo Entre a memória e a informação: cientistas perseguidos na ditadura militar, apresentado no XV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – ENANCIB 2014.   Clique aqui e baixe o PDF

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