História Natural. As ervas hortenses, alho ordinário, cebola, cebolinhas etc. são cultivadas e empregadas com os mesmos usos médicos e culinários que na Europa. São plantas que melhor se dão nas províncias do sul do que nas do Norte. Gabriel Soares declara que os alhos não dão cabeça na Bahia por mais que os deixem estar na terra, mas, em São Paulo, produzem grandes cabeças. Cultivam-se no Sul o alho (Allium sativum), o alho verde (Allium porrum) e as Chalotas. O primeiro é de maior uso doméstico e medicinal, representa uma planta herbácea, bulbosa, de sabor picante, composta de bulbos pequenos reunidos em uma cabeça única, coberta de única casca e película. As Chalotas ou Allium ascalonicum têm uma raiz bulbosa, oblonga, branca internamente e de cor vermelha clara, a qual é mais viva exteriormente. A planta provém da Palestina, enquanto o Alho vem da Sicília.
Análise Química. A composição do Alho é quase a mesma que a das Chalotas. O Alho fresco contém mucilagem, albumina, matéria fibrosa, água, açúcar, enxofre, óleo volátil amarelo, sais neutros (Bouillon-Lagrange, Journal de Pharmacie, t.2). As cinzas fornecem potassa, sulfato de potassa, alumina, fosfato de cal, óxido de ferro, magnésia, cal e silícia (Chimie de Thompson).
Propriedades. As Chalotas e o Alho ordinário são estimulantes da digestão e entram na preparação de muitos manjares. São substâncias que comunicam um cheiro forte e persistente ao hálito da boca, ao suor, à urina e às feridas. Sem dúvida, o aroma é proveniente da presença de um corpo volátil, acre e do clorofilo resinoso que se encontram nas raízes das duas plantas. As Chalotas são reputadas antigangrenosas. O Alho ordinário, se tomado em excesso, torna-se verdadeiro narcótico, causando uma embriaguez idêntica à que produz o ópio. O alho é verdadeiramente antipútrido. Bajon empregava em Caiena o suco do alho como o mais enérgico remédio contra as mordeduras de cobras; o Dr. Valentin receitava as fomentações do mesmo no comprimento do espinhaço para curar o tétano. O alho é alimento e remédio dos mais vulgares e todos sabem administrá-lo com sumo de limão para expelir vermes. Em todos os climas acha-se introduzido, figura na Matéria Médica de Anislie, assim como na de Martius, e dos vários autores da Europa. Lind o receitava contra o escorbuto. No Brasil, o emprego é o mais vulgarizado para combater lombrigas, febres teimosas e as hemorróidas.