Castanheiro do Maranhão

Bertholettia excelsa Humboldt, Castanheiro do Brasil, Niá, Amendoeiro do Rio Negro, Tucarí, Guvia nas margens do Orinoco, Touka em cayena, Família das lecythideas

Castanheiro do Maranhão

  História Natural. Árvore piramidal, alta de mais de cem pés, tronco direito, cilíndrico de dois a três pés de diâmetro, abunda nas províncias do Maranhão, Pará e Rio Negro e às margens do Rio Orinoco. A árvore está guarnecida de baixo para cima de ramos abertos, ângulo direito, cujas extremidades são flexíveis e pendentes como se fossem cordas a tal ponto que as mais baixas tocam o solo; os jovens ramos aparecem verdes, porém, ao se tornarem mais velhos, tomam uma cor arruivada e vestem-se de pelos de cor escura. Segundo a descrição de Sr. Poiteau (Mémoires du Muséum d'hist. Nat., t.13, p.150). As folhas são distichadas, coriauris, espessas, ondeadas nas margens, compridas de oito a vinte e quatro polegadas acabando com ponta breve, envernizadas por cima e de cor verde amarelada por baixo, marcadas com nervuras laterais. As flores são direitas, de cor amarela clara, regulares, campanuladas, largas, de cheiro nauseante e duram só um dia. O cálice é aderente, fendido em dois lóbulos arredondados; a corola tem de seis a nove pétalos oblongos; o ovário é redondo de único septo; estilete grosso; estigma achatado. A fruta, que foi examinada particularmente pelos botânicos Humboldt e Bonpland, alcança o tamanho de uma cabeça de criança, porém nem todos chegam a semelhante proporção e muitos se limitam a volume muito menor. O diâmetro varia de ordinário de quatro a seis polegadas, uns são ovados, outros redondos e achatados por cima. A cápsula é lenhosa, coberta de uma membrana esverdeada, carnuda e espessa; o interior reparte-se em quatro septos contendo seis ou oito sementes ligadas a um eixo central, quadrangular; as sementes são trigonais, compostas de uma testa ossuda, cor de canela, muito áspera e encerram uma amêndoa carnuda, esbranquiçada, aderente pela sua túnica própria. O Castanheiro do Maranhão floresce em dezembro, e não dá frutas senão depois de muitos anos de cultura e, quando isso ocorre, tem excedido a altura de quarenta pés. 

   Análise Química. As amêndoas fornecem porção copiosa de óleo, pois extraem-se dez onças de óleo que se assemelha ao de azeitona ou oliveira, de uma libra de amêndoas. A amêndoa contém elaina e estearina, grande porção de albumina, açúcar, líquido, goma, fibra lenhosa. O pericarpo contém ácido gálico, tanino, açúcar que não se cristaliza, acetato de potassa, goma e sais minerais (Journal de Pharmacie, t.X)

   Propriedades. Comem-se as amêndoas e são de uso geral no norte do Brasil, donde se exportam para Lisboa e outras partes da Europa. Chamam-se em Cayena, Touka, e os parisienses costumam abastecer os mercados com seguidas remessas de castanhas que, por serem frescas, são ali de maior estimação. O melhor proveito que delas se tira é a extração do óleo que serve para mesas e fabricar sabão. Quando as amêndoas não se tornam rançosas, alteração rápida que se deve evitar querendo obter azeite de boa qualidade, a exportação das Castanhas do Maranhão constitui um possível ramo de comércio.

 

Carregando...