Baunilha

Vanilla aromatica Swartz, Epidendrum vanilla Linneo, Família das orchideas

Baunilha

    História Natural. Parasita falsa com hastes sarmentosas, caracterizadas por uma corola caduca e articulada com o ovário, composta de 6 petalos das quais 5 oblongas muito abertas e quase iguais e o sexto em lábio, com forma de cartucho contendo uma antera terminal e operculada, o pólen fica contido em pequenos envoltórios, e o ovário oblongo suportando um estilo muito curto. O fruto é uma cápsula carnuda, cilíndrica, com 2 válvulas e sementes globulosas. “Este engraçado cipó, diz o Sr. Riedel (Agricultor brasileiro, 66), que dá talvez o mais delicioso dos perfumes, cresce espontaneamente em todos os matos do Brasil.” Nas florestas selvagens da Bahia, encontra-se a Baunilha. Ela abunda nos sertões, especialmente nas vizinhanças de Piracatu. Esta planta vegeta à sombra de grandes árvores, entre pedras e lugares úmidos; parasita falso, une-se  à casca entretida por diversos criptogramas, mas sem viver à custa da árvore. “A espécie indígena do Brasil, aproxima-se muito à conhecida pelos botânicos sob a frase latina vanilla flore viridi et albo fructo nigricante (Se  bem que esta seja privada de todo o cheiro, enquanto a nossa o tem muito delicioso e notável). A verdadeira Baunilha do comércio é a do México, Vanilla sativa, cujas bagas exalam um cheiro sumamente agradável.” Estas bagas de baunilha se dividem em 3 classes, a pompona, a de lei e a simarrona ou bastarda.

   Análise Química. a Baunilha, segundo a análise de Bucholz, contém óleo gordurento, extrato amargo, resina mole, açúcar, substância amilácea e porção de ácido benzóico. Ela cede seus princípios ativos à água e ao álcool, porém pela destilação não dá óleo volátil.

    Propriedades. O Dr. Antonio José Alves, na sua memória, deu todos os conselhos sobre o preparo para a cultura da baunilha, porém pouco diz a respeito de suas virtudes medicinais. Ela é tida como bom afrodisíaco e goza de reputação merecida como tônico nos bombocados, cremes, sorvetes e chocolates. Baena, na sua Corographia do Pará, diz que se usa como emenagogo, porém os livros de matéria médica costumam colocá-la ao lado da erva cidreira, em razão de suas propriedades. Dá-se em tinturas, pós e licores. Das 5 espécies conhecidas no comércio, da silvestre ou simarrona, da mestiza, da baunilha puerca, da pompona, da corriente, usa-se sobretudo da última, a qual também encontra sob 5 espécies diversas. Administram-se os pós de baunilha misturados com açúcar em partes iguais.As pastilhas se constituem do seguinte modo: Baunilha – 1 onça; Açúcar – 7 onças; Goma adragante – meia oitava; Água comum – q.b. Para s.a. pastilhas de 8 gramas cada uma: Tintura de baunilha; Baunilha uma parte e Álcool a 80° oito partes. Faz-se  um macerado durante 8 dias, depois experimenta-se e filtra-se. A Baunilha abunda na província da Bahia, por quanto além dos sertões onde é ela muito comum. Sabe-se que não é cara no Pytangui, Paraopeba e Santa Bárbara. Nas províncias do norte, a Baunilha figura na lista dos produtos de exportação, pois ela se encontra natural em Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Maranhão, Pará. A Baunilha é óbvia em muitas partes do Pará, diz Accioli (Corographia paraense, p.17). Por alvará de 24 de maio de 1740, proibiu-se o corte da árvore e dos ramos da Baunilha do Pará e do Maranhão, com graves penas para quem desobedecesse. “Na Bahia, não é necessário mais do que colher a planta em junho, julho e agosto, transplantar aquelas que forem arrancadas com as raízes envolvidas em terra suficiente e fazer viveiros com estacas da haste daquelas que forem transplantadas de outras” (Revista Americana, Jornal da Bahia, 1847, p.14). “A colheita da Baunilha deve ser feita antes que a vagem esteja completamente madura. Logo que se tenha de 10 a 12 mil, faz-se um rosário, atando-se cada uma delas pela parte inferior (extremidade oposta à que estava unida à haste) o mais perto possível do pedúnculo e, neste estado, mergulham-se todas em água fervendo por mais ou menos 1 minuto, para dar-lhes uma cor branca e talvez impedir a exalação do aroma que lhe dá o preço. Depois deste preparativo que pode ser feito alguns dias depois da colheita, deitam-se as vagens ao sol por algumas horas para secar a umidade. No dia seguinte, unta-se fartamente cada uma delas com óleo de amêndoas ou coco, ao mesmo tempo que as envolvem separadamente com algumas voltas de fio de algodão impregnado do mesmo óleo para evitar que se abram suas válvulas. Logo que se acha suficientemente seco o fruto da Baunilha, corre de sua extremidade superior um líquido viscoso e cumpre facilitar-lhe a saída comprimindo as vagens com as mãos untadas de óleo. Chegada a este estado, tem a Baunilha diminuído a ¾ de seu volume, está escura, rugosa e flexível, e pode ser levada aos diferentes mercados em pequenas caixas de 50 ou 100 vagens, envolvidas em folhas de chumbo, condicionadas devidamente, até que a umidade atmosférica não possa concorrer para sua fermentação.” (Rev. * p.15). Diz Accioli que “a cultura da Baunilha não demanda no Pará muito cuidado, basta limpar o terreno e plantar duas estacas do epidondrum, junto às árvores pelas quais deve subir, ligando-se para esse fim cada estaca. Desse modo, dão fruto todo o ano. Se a vegetação não é obstruída por outros cipós diversos, durante o espaço de 30 a 40 anos, conta-se até 50 vagens por cada pé A planta floresce nos meses de fevereiro e março. Só ofendem as flores o vento e a demasiada chuva”. Segundo o Dr. Antônio José Alves, a Baunilha em Minas tem um comprimento maior do que a do México. Seu diâmetro é quase o quádruplo do daquela. As bagas da Baunilha de Sergipe têm também um pericárpio ou casca muito espessa. O cheiro da Baunilha brasileira é igual ao da do México,e, mesmo a indígena sergipana, exala aroma muito agradável e atrativo. * * a vista de tão * vegetal * melhor a sua cultura para manter e aumentar a remessa de produtos indígenas dos mercados de nosso país. A espécie Vanilla aromatica Swartz nasce unicamente no Sul América, e particularmente, no Brasil. O comércio compra para os mercados a Baunilha do México. Resta, pois, uma fraca porção da Baunilha preparada de um modo particular que se envia do Brasil a Portugal. A tal respeito, Mr. Lindley observa (Orchid. p.484) que parece demonstrado que as baunilhas do Brasil de nenhum modo formam a substância conhecida nos mercados por baunilha, e que se pode presumir que, decerto, a Vanilla aromática não tem relação com as frutas vendidas no comércio. Esta espécie brasileira tem as folhas ovais, oblongas, acuminadas, sésseis; as flores verdes ou brancas apresentam um perianto campanulado com folíolos ondeados acuminados, revolutos no cume, e o labello pontudo, levantado no meio de uma linha nua saliente. Suas cápsulas são muito longas e cilíndricas. Da Baunilha do México, a mais conhecida é a Vanilla planifolia ( Andr.) vem depois a Vanilla sativa e a Vanilla sylvestris.

 

 

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