Barbatimão

Acacia adstringens Reize, Mimosa barba de timão Vellozo, Cortex adstringens brasiliensis, Stryphnodendron barbatimão Martius, Família das leguminosas

Barbatimão

     História Natural. Merrem publicou uma dissertação sobre o Barbatimão, Cologna, 1828. A memória anterior de Bernardino Gomes refere-se à outra espécie de Mimosa cochliocarpos ou phitocolobium de Martius ou Abaremo-temo de Pison. Duas outras espécies são também chamadas Barbatimão que são a Acácia angico M., e a Acácia jurema M. (ver Angico Jurema). Havemos de falar das duas primeiras espécies, a Acacia adstrigens e a Phitocolobium abaremo-temo.

Barbatimão de Bernardino Gomes: Abaremotemo de Pison, Mimosa cochliocarpos, Phitocolobium abaremotemo Martius: “árvore da grandeza de uma pereira, raiz lenhosa, ramosa. Caule *, levantado, ramoso e inerme, com a casca grossa, gretada, rubra, tirante a cinzenta por fora, de um vermelho escuro por dentro, * fibrosa e de sabor adstringente e um  pouco amargoso. Ramos subdivididos,  sem *, folhas duas vezes trijugadas sem *, nem gavinha, algumas vezes * as pínulas da segunda ordem são quadrijugadas. Os folíolos são rentes, ovados, lanceolados, pontudos de uma a duas polegadas de comprimento, um pouco e sucessivamente maiores para o topo, lisos, inteiríssimos. Flores em capítulos pedunculados, sem folhas nem brácteas e rentes. Pedúnculos axilares simplicíssimos, solitários, às vezes dois, retos e compridos. Perianto monophyllo com cinco dentes, muito mais curto que a corola. Corola monopétala, infundibutiforme, com a orla partida em 5 lacínias agudas. Estames, vinte filetes e mais, monodelfos, fitiformes, levantados e mais compridos que a corola. Anteras muito pequenas. Pistilo germe ovado. Estilete fitiforme, estigma simples. Vagem comprida, comprimida, encaracolada. Sementes obovadas, lustrosas, comprimidas, meio brancas, meio verde negras. Floresce em março, abril e maio. Encontram-se nos morros de São Paulo, Minas. No Rio de Janeiro é raro” (Observações botânico-médico sobre algumas plantas do Brasil por Bernardino Antônio Gomes, p.36).

A Acacia adstrigens Reize ou Stryphnodendron barbatimão Martius, que é das 4 árvores cujas cascas são levadas para a Europa sob o mesmo nome “Casca brasileira adstringente” A mais proveitosa e a mais enérgica apresenta algumas diferenças da que a precede e fornece uma casca mais espessa, encaracolada, coberta de uma crosta parda escura, muito rugosa e mesmo tuberculosa, cujo líber é duro, compacto fibroso pelo interior; a casca é menos avermelhada e sua superfície interior apresenta fibras longitudinais grosseiras, esbranquiçadas, que se levantam como se fossem *. O sabor da casca é muito amargo.

    Análise Química. A casca das duas plantas abundam em stryphiro, sobretudo a última que contém uma expressiva porção de tamino.

   Propriedades. As árvores de barbatimão são multiplicadas em Minas Gerais e nas suas folhas criam-se cantáridas em quantidades de ser um grande objeto de lucrativo negócio; sua casca serve para curtumes e as cinzas para a saboarias; também há venenosas que matam os peixes e uma cuja casca supera a verdadeira quina. Em medicina, a casca é a única parte que se emprega. Frequentemente, diz Bernardino Antônio Gomes, tem sido famosa no Brasil pelo uso familiar que costumam fazer as prostituídas para reparar a reeducação dos órgãos genitais, o que induz a devassidão, e para fingirem possuir o que os seus primeiros desacertos lhes fez perder para sempre (Pison, Med. Bras. p.77). O Dr. Castro Sarmento, médico em Londres, a utilizou nas hemorragias, nos casos de diarreia e tirou grandes benefícios de seu emprego. É remédio muito eficaz contra o fluxo alvo ou leucorreia. Pison diz que a casca tanto em pós como em cozimento, topicamente aplicada, cura felizmente as úlceras antigas e de maus caracteres e que tinha chegado a curar o cancro, o que é uma ilusão completa do médico holandês. Em Minas, os curandeiros gabam muito a aplicação da casca para o curativo das hérnias, o que a nós parece também duvidoso e muito exagerado. O que há de mais certo, segundo as experiências práticas do Dr. Brunner, médico do Harlem e os fatos tirados da nossa clínica, é que a casca do Barbatimão modifica muito a leucorréia sem, contudo, curar de todo o que exulta nos casos de hemorragias uterinas. Nestes últimos casos, administra-se uma onça de casca cozida em 8 onças de água e ajunta-se 1/8 de éter acético, administrando a mistura, uma colher por hora. Igualmente se recomenda o cozimento em banhos locais, receitando uma libra da casca por cada banho de assento. O Barbatimão do Brasil pode se colocar na lista dos adstringentes ao lado do Ratanha das Américas.

 

 

Carregando...