Bananeira de São Thomé

Figueira banana, Pacova, Musa Sapientum Linneo, Família das musaceas

Bananeira de São Thomé

   História Natural. Esta espécie que Tenore nas Actas acadêmicas de Nápoles descreve externamente pouco difere da Musa paridisiaca, todavia as folhas são elípticas, pontudas, de cor verde alegre, pecíolo curto, bainhas malhadas de preto, flores masculinas caducas. Brácteas caducas, obtusas, quase planas. Baga elipsóide obscuramente trigona. Talo falso, em geral mais grosso, folhas mais largas. Espata verde nas duas faces. Brácteas púrpuras por baixo, de bela cor escura e vermelha e rugosa por cima. Lábio superior do perianto de dois lobos iguais. Estames isômeros, longos como o estilete. Fruto mais curto, de polpa suculenta e açucarada.

   Análise Química. Fourcroy e Vauquelin analisaram todo o suco que se pode obter ao espremer as hastes das bananeiras e encontraram nitrato de potassa, oxalato de potassa e um pouco de matéria colorante.  Uma variedade da Banana de São Thomé dá, quando se  come  a fruta, uma cor amarelada de açafrão a urina, e isso se repete, o que será devido ao excesso de algum *.

    Propriedades. Com a polpa das Bananas de São Thomé assadas fazem-se cataplasmas bastante emolientes, juntando-se-lhes, sobretudo, um pouco de óleo de amêndoas doces. Estes cataplasmas já são de muito uso no Brasil e deles tiramos grandes vantagens, especialmente como maturativos para fazer em pouco tempo os abscessos virem à supuração (Revista Médica Fluminense, p.491, 1840). Cultiva-se esta espécie do mesmo modo que a Bananeira da terra. O fruto tem um sabor que se assemelha ao dos figos e prepara-se igualmente vinho excelente, álcool, vinagre e xarope de boa qualidade. Quando se pisam as bananas bem maduras e depois são peneiradas para lhes tirar a parte fibrosa, prepara-se então uma massa com que se pode fabricar pão. A massa acha-se composta inteiramente de amido, seca facilmente e assim se conserva por muito tempo. Diluída na água ou um caldo, ela constitui um alimento sadio. As fibras extraídas das bainhas que constituem o talo são duras e resistentes E empregam-se em cordas para fiar peças de tecidos de várias cores. O talo novo contém uma grande porção de mucilagem e de amido podendo então ser proveitosa ao homem e ao gado. As folhas são empregadas bem secas para cobrir palhoças, choupanas e casas da roça. Também com elas fazem-se alguns utensílios domésticos. Certas indústrias já se aproveitaram dos filamentos para fabricar chapéus, torcidos de velas e pontes de meia. As árvores que produzem hoje os frutos conhecidos nos mercados brasileiros com o nome de bananas maçãs, são variedades da Bananeira de São Thomé. À mesma origem pertence a espécie chamada Bananeira do Maranhão, cuja cultura tem sido muito recomendada por um ancião do Rio de Janeiro, o Sr. José Caetano Gomes, que publicou para os lavradores uma sucinta tradução do artigo de Humboldt sobre a cultura da bananeira da grande espécie. * as bananeiras para seu melhor desenvolvimento os terrenos úmidos e frescos, em lugares sombrios, ao longo dos riachos. A bananeira, diz o Guia do Jardineiro Brasileiro, quer terra solta, muito estercada e lugares onde lhe dê pouco sol; deve ser plantada em sítios em que não haja pedras nem cascalho para que o fruto seja bem saboroso. Não se devem plantar as bananeiras juntas, mas sim separadas umas espécies das outras porque elas têm a propriedade de se casarem pelas raízes e, então, perdem a sua primitiva qualidade e o seu sabor. Este vegetal não teme as variações da atmosfera, exceto furacões, que no Brasil são raros. As covas para a plantação devem ser grandes, fundas e cheias de boa terra, para receberem os brotos. Depois de pegarem e crescerem, começam a sair brotos da raiz. Deixa-se crescer com a mãe, o primeiro ou o mais viçoso e cortam-se todos os demais. Colhem-se os frutos inchados para amadurecerem em casa, desunindo as pencas do cacho. As bananeiras não prosperam nos morros elevados e frios, carecem de calor e mal vigoram no distrito da Serra Frio ou do Tijuco, e não dão frutos na Serra de Congonhas, por serem vítimas prematuras do gelo. Na província de Minas, plantam-se ao pé das casas e das choupanas quatro espécies de bananeiras: 1º, a de São Thomé, que dá frutos mais pequenos e mais saborosos que os da Bananeira da terra; 2º, a Bananeira da terra; 3º, a Bananeira do Maranhão, cujas bagas são maiores; 4º, uma espécie chamada Farta velhaco, que excede o tamanho das bananas do Maranhão. Cultivam-se nas várias províncias do Império a Musa violacea Humboldt, a Musa troglodytarum Linneo, que dá frutas pequenas, a Banana escalarte ou Musa coccinea, a Musa sinensis ou Bananeira da China, a Musa discolor e a Musa rosea, porém todas espécies menos vulgarizadas do que a Bananeira da Terra e a Bananeira de São Thomé.

 

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