Babosa

Aloë vulgaris Lamarck, Erva babosa, Aloë perfoliata Linneo, Caraguatá Marcgrave, Família das liliaceas

Babosa

     Caracteres botânicos. Raiz redonda, branca e fibrosa por dentro, entranhada profundamente no solo, folhas juntas ao talo com uma polegada de espessura, três de largura perto da raiz e de dois pés de altura. Elas se tornam invariavelmente agudas, unidas, suculentas, de cor verde claro, achatadas por dentro e cingidas por fora, denticuladas nas margens em pequenas pontas agudas. Elas são cheias de um suco amargo mucilaginoso que corre quando se quebram em sentido transversal. Os talos são redondos, verdes e muitas vezes repartidos no meio, acabam com flores dispostas em espigas; cada flor prende-se ao talo por um curto pedúnculo. As flores são amarelas ou avermelhadas e verdes na sua extremidade.

      História Natural. O Aloë vulgaris é uma espécie generalizada no Brasil, oriunda da África. Ela foi aclimatada na América do Sul desde quase o tempo de sua descoberta. Pison e Marcgrave o acharam no tempo da Guerra de Pernambuco, chamou-se então Caraguatá babosa e alguns deram-lhe o nome de Gravatá. Costuma-se dar este nome a muitas outras plantas. O mesmo Aloë vulgaris encontra-se nas Antilhas e o Thompson assevera que desta espécie se extrai o Alões caballino, vendido nos mercados. Esta planta cresce nos terrenos arenosos, desenvolve-se sobre a haste e, quando murcha, cai, não tendo produzido fruta.

    Análise Química. Segundo Trommsdorff, o Aloë vulgaris contém sobre cem partes: 1° princípio amargoso saponáceo 75; 2° Ácido gálico, algum vestígio; 3° Resina, 25. Total 100. Segundo Bouillon Lagrange, cem partes fornecem extrativo 68, resina 32; Total 100. Obtém-se a parte resinosa com álcool e extrai-se a parte gomosa por intermédio dos sucos aquosos que o Aloës torna amoniacais.

      Propriedades. Segundo o Dr. Maia (Revista Médica Fluminense, 1840, pág. 109), “na medicina brasileira, aplicam-se as folhas da Babosa, que gozam de propriedades emolientes e calmantes, topicamente; o suco das folhas (bastante pulposas), que se pode extrair em abundância, ingere-se como purgativo. Quando empregadas inteiras sobre os lugares doentes, passam por vulnerárias e oftálmicas. Se aplicadas em pedaços pequenos e bem lavadas, tirando-lhes a película externa, são muito úteis como supositórios para acalmar os calores e tenismos do ânus. O povo as emprega em ambos os casos e, no segundo, ele muito se serve delas para combater os seus incômodos hemorroidais. Na Bahia e em outras províncias do Império, faz-se do suco das folhas um extrato, que, sendo drástico, passa como um bom remédio para curar obstruções e próprio para matar as lombrigas. Algumas pessoas do Norte têm nos certificado os bons resultados destas aplicações. Desta planta, poder-se-ia preparar um azevre próprio para usos farmacêuticos, porém nunca seria tão bom como o da espécie Aloë spicata, como já tem demonstrado a experiência de hábeis práticos. Em alguns lugares do Brasil, faz-se um cozimento com as folhas secas deste vegetal, que também dizem ser diurético e refrigerante. Em outros, fazem-se cataplasmas das folhas frescas expurgadas do seu suco, que passam por serem muito emolientes. Esta planta é uma das mais úteis à Medicina, e ela deve ser de grande serventia médica nos lugares onde faltem outros remédios”. Ao que diz o Dr. Maia, acrescentaremos alguns outros apontamentos terapêuticos. Emprega-se externamente a tintura do Aloe vulgaris para impedir os progressos da cárie dos ossos e da gangrena. Internamente, prescreve-se nos casos de clorose e da asma. Nos infartos de fígado e do baço, é excelente desobstruinte. Recomenda-se contra a hidropisia a gravela ou areias e suas folhas frescas postas em cima de queimadura acalmam as dores da inflamação.

      Modo de Administração. Dá-se o Aloës na dose de meia oitava até uma, e do seu extrato um escrópulo. A tintura administra-se por gotas. Cinco grãos tomados depois da digestão a facilitam; a tintura de Aloë vulgaris obra como purgante segundo a dose. Faz-se com a Babosa um unguento sedativo – o Aloës vulgaris prescreve-se nos casos de desajustes das funções intestinais, * dos intestinos *, sobre os quais ela opera com preferência ***

 

     Nota: Os asterísticos que aparecem neste e em outros verbetes representam palavras ou trechos ilegíveis.

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