História Natural. Cálice monofilo, hipocrateriformo com cinco divisões. Cinco petálos comuns, côncavos, soldados no colo do cálice; legume bivalvo unicelular, dez estames distintas, um estilete. O arbusto cresce na beira do mar, encontra-se muito na província do Rio de Janeiro. Sua folhagem varia de cor; e enquanto os jovens bulbos são de um vermelho de carmim, as flores mostram-se de um amarelo cor de ouro. O fruto eromboidal e contém quatro sementes ovoidas da grossura de uma avelã, de um verde pardo; cada semente contém uma amêndoa esbranquecida, oleosa, de um cheiro resinoso, de sabor amargo.

    Análise Química. As sementes, caule e raiz encerram um princípio adstringente, amargoso. A raiz contém uma resina emética (vomitiva).

   Propriedades. Diz o Dr. Vicente Gomes da Silva que se costuma fazer com as sementes do Arriozeiro uma emulsão que dizem muito conveniente na gonorréia; também se faz um cozimento com a raiz que se dá aos engalicados. As virtudes antivenéreas existem nas sementes e caule, enquanto se reputa emética a raiz. Os negros trazem debaixo da tanga sementes do Arriozeiro para se preservarem das hérnias, o que não impede de sobrevir as roturas. Certos práticos acreditam que a amêndoa é hidragoga, porém a experiência não patenteia senão uma virtude adstringente. As sementes chamam-se vulgarmente olhos de gato, são objetos sagrados para a feitiçaria e os feiticeiros. A amêndoa reduz-se a pós e dá-se na dose de um escrópulo. Entra em maior porção nas emulsões antigonorreias. Pode-se fazer uma tintura alcoólica com a mesma e administrar uma onça cada manhã, em jejum para suprimir a gonorreia. Emprega-se a raiz na dose de duas onças sobre libra e meia de água para um cozimento. Os pós das sementes são gabados contra a diarreia e os ataques de asma; as folhas aplicadas sobre a superfície do corpo provocam a saída das bexigas e do sarampo, porém taes virtudes são muito duvidosas.