Andá-açu

Andá de Pison e Marcgrave, Joannesia princeps de Vellozo, Andá grande, Andá gomesi St'Hilarie, Monadelphia Octandria de Linneo, Indayaça, Purga de gentio (Rio e São Paulo), Coco de purga, Purga dos paulistas, Fruta d'arara (Minas), Anda brasiliensis de Raddi, Andicus pentaphyllus Vellozo, Aleurites brasiliensis de outros botânicos, Família das euphorbiaceas

Andá-açu

   História Natural. Árvore de uma ampla rama, inerme, muito bela e liteira.  O tronco a pouca altura do chão divide-se em grossos ramos, uns recurvados outros patentes, guarnecidos de folhas persistentes em cinco ramas, pendentes, ovadas, lanceoladas, pontudas, lustrosas pela página superior, e desiguais. Pecíolo, um comum e cinco particulares; flores pequenas e em panículas terminais, as masculinas têm pedúnculos particulares; as femininas, não. O Andá-açu figura na Flora Allográphica de Frei Vellozo; dá-se pelas terras arenosas em toda a beira-mar e floresce em julho e em agosto. A respeito das afinidades e da estrutura do gênero Andá, Mr. Jussieu, no Genera Plantarum, tem aproximado o Andá do Aleurites, porém este último difere pelo seu cálice trífido e pelo maior número de estaminas, e pela fruta que, quando madura, tem duas cápsulas bivalvas.

   Análise Química. O óleo de Joannesia ou Andá-açu tem uma cor de palha ou cana, um sabor insípido semelhante ao da amêndoa doce e cheiro oleoso. A casca é venenosa, de sorte que as águas em que for macerada, embebeda e mata os animais que a ingerem. Os índios, por isso, servem-se dela para pescar o peixe. A casca do Andá contém um princípio acre e cáustico, semelhante ao Euphorbiun, recentemente analisado pelos químicos Braconnot e Pelletier. (Bulletin de Pharmacie, tomo IV).

   Propriedades. As sementes do Andá-açu são famosas no Brasil pela sua virtude purgante de tempo imemorável. Elas obram com suavidade e moderação em geral. Quando são secas, têm um sabor semelhante ao das avelãs e podem até comer-se. Não são apreciadas  para purgar as crianças e as pessoas a quem custa muito tomar remédios. "As amêndoas verdes, maduras, secas ou não,” diz o Dr. Meirelles (Semanário de Saúde p.24), “podem produzir efeitos diferentes conforme contenham mais ou menos quantidade de óleo. O óleo é um purgante inicialmente drástico, porém em dose moderada obra suavemente sem produzir cólicas. Mr. Soulié fez o cálculo da quantidade de óleo que pode conter cada amêndoa. Amêndoas piladas, 11º 400; peso das mesmas, 1,275 gramas; óleo obtido, 422 gramas. Cada amêndoa deve, por consequência, conter 0,05 gramas ou 20 grãos. Mr. Soulié separou por dois processos duas porções de óleo, diferentes em cor, com os mesmos efeitos, ambos sendo purgativos; um é mais irritante e outro menos, talvez por conter maior porção de mucilagem do que o outro.” Diz Dr. Bernardino Gomes que “as sementes do Andá conservam-se muito tempo sem corrupção. “Não se limitam só ao uso”, diz o mesmo, “da medicina, os préstimos destas sementes. Pison refere que se costumava untar o corpo e que se serviam do óleo para luzes. É o mesmo óleo excelente para a pintura, pois não ofusca a cor branca e seca-se mais depressa que o óleo de nozes”. As sementes do Andá-açu, sendo emulsivas, podem se tomar em forma de orchata. Para pessoas mais delicadas, e em geral, para pôr qualquer doente mais ao abrigo das dores de barriga, cumpre juntar a esta orchata alguma substância aromática: água-de-flor ou canela. As pastilhas à que fazem menção Pison e Marcgrave são feitas com sementes pisadas e cozidas com açúcar depurado e de um quase nada de erva-doce e canela.  Administram-se três, quatro, seis gotas do óleo tomadas sós ou em combinação com alguma emulsão, no caso de querer purgar crianças ou pessoas fracas. Aumenta-se a dose até doze gotas para indivíduos robustos e adultos. Pode o óleo misturar-se a qualquer eletuário e ser assim administrado pela boca ou em clisteres, segundo a indicação que se queira preencher. Fazem-se igualmente com o Andá-açu pastilhas, pílulas e outros compostos farmacêuticos.

 

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