História Natural. O cálice é superior, partido em três lacínias, a corola de três pétalas com escamas nectaríferas na base. Baga de três compartimentos, caule de um pé de comprimento, as folhas radicais ou caulinas, as flores espigosas e unidas por receptáculos, estames de seis filetes. O pericárpio é um fruto apinhoado, oval, composto de muitas bagas unidas pelos lados umas às outras, sucosas e agradáveis. As sementes são unidas e abortam comumente. O gênero ananasa de Lindley ficou separado do gênero bromélia pela qualidade de possuir escamas das divisões do perigônio. Sabe-se que a maior parte das bromeliáceas são plantas parasitas, cujas raízes fibrosas se apegam ao tronco de outras árvores. As plantas dessa família têm muita relação com as Amaryllideas, porém distinguem-se pelo perigônio e pelo fruto carnudo. Muitas são as variedades que existem no Brasil deste fruto. Apresentam grandes diferenças quanto à cor, ao cheiro, volume e gosto. No catálogo das plantas da província do Ceará, encontram-se sete variedades distintas: as espécies silvestres são a Bromelia karatas e a Bromelia acanga. O príncipe Maximiliano Neuwied descreve t.1, p. 67, uma bromélia cujo cálice vermelho parece coral.

   Análise Química. O peso do fruto varia de uma até quatro libras, não dá sementes senão raras vezes. Ele é quase * quando não é maduro, contém uma mucilagem açucarada com grande porção de ácido cítrico. É necessário tirar o suco corrosivo pela maceração dentro de água ardente com açúcar. Pison dizia que o suco era epispático, o que provém do excesso de ácido malico.

   Propriedades. O fruto dá um suco, o qual unido a um pouco de óleo de amêndoas doces, é excelente, segundo o Padre Labat, para fazer expelir o ar dos intestinos. O fruto é reputado refrigerante e diurético. Alguns práticos brasileiros recomendam muito o Ananás contra os cálculos e outras doenças de bexiga. Segundo o Dr. da Silva Maia, seu uso serve para expelir areias. A casca do fruto é reputada excelente em cozimento para banhos com o fim de diminuir o inchaço do anasarca. O Sr. Ezequiel Correa dos Santos, farmacêutico distinto da Corte, prepara um vinho de Ananás, um bom tônico para os convalescentes. O uso do Ananás como fruto de sobremesa é vulgar. Fazem-se doces, sorvetes, geleias, cremes, pastéis com Ananás. Administra-se o vinho a colheres e a cálices, segundo o efeito tônico que se deseja obter. O uso industrial que desde 1801 o Dr. Arruda fez dos linhos vegetais indígenas possibilitou achar no ananás um linho mais forte, mais fino e próprio para pano. Sabe-se que da Índia vêm para o mercado do Rio de Janeiro fazendas e lençóis, tecidos de ananás, que são as mais perfeitas obras da arte industrial. O Ananás d'agulha, Bromelia muricata e a Bromelia karata fornecem igualmente grande porção de linho. As folhas deste último têm de 8 a 10 pés de comprimento.