Solanum lycopersicum Lamarck, Lycopersicum esculentum Dunal, Solanum pomiferum Bauhim, Família das solaneas
História Natural. Cálice e corola com sete divisões, mesmo número de estames, fruto de lobos redondos, caule sem espinhos, herbáceo, folhas pimadas, incisas, cachos singelos. Esta planta se parece com os solanum pela sua corola de rotação e suas anteras coniventes, e aproxima-se mais da batata inglesa pelas suas folhas superiores que são ímpares e pimadas; caule ramoso que se dobra facilmente, eleva-se de dois a três pés; as folhas são azadas, os folíolos verdes glabros de cheiro desagradável; as flores têm sete repartimentos; o cálice igualmente se reparte em sete porções ciliadas nas orlas, assim como os pedúnculos. O fruto é grosso, comprimido nas duas extremidades, sulcado profundamente de todos os lados. Representa uma maçã ou baga mole, vermelha, luzente de suave apalpação, cheia de um suco ácido e um tanto nauseante, sem todavia ser muito desagradável; é repartido em vários septos os quais encerram sementes numerosas, achatadas e amareladas. Existem variedades de tomates, devido à cultura. Conhecem-se os grandes, cujas flores são de cor amarelo vivo e as frutas redondas, ovadas, de cor laranja viva; os pequenos que são vermelho escuro e alguns que se conservam quase amarelos.
Análise Química. Os tomates, segundo a investigação dos Srs. Foderé e Hecht, contêm um ácido que não é o ácido acético, o qual desvanece pelo calor da destilação e que se une a um princípio amargo que se julga ser a solanina; um óleo volátil; uma matéria extrarresinosa escura, pegajosa, solúvel dentro da água e do álcool, e dando o cheiro da dulcamara; uma matéria vegetoanimal, albuminosa, suscetível de fermentação e de apodrecimento rápido; pequena porção de mucosa açucarada; sulfato de potassa, hidroclorato de potassa e de cal. Potassa pura e um alcaloide de vapor acre que se espalha quando se queimam os tomates, o qual encontra-se mais nas folhas que nos frutos.
Propriedades. Os tomates fornecem um alimento agradável, saboroso e fresco, muito vulgar nos países da Itália, Espanha, Portugal e no sul da França, apesar de ser a planta indígena do Sul América. A sua polpa fornece um suco ácido que tempera os adubos, sopas e molhos, e torna-se o mais aceito condimento pelos amantes de bons petiscos. Na Itália, cozinham-se os tomates com manteiga ou azeite fino de oliveira, fatias de presunto, queijo parmesão raspado, pão de milho, pimenta, sal, ervas aromáticas e um pouco de vinho branco. Constitui a tal mistura uma iguaria dos melhores gostos. Na França, gaba-se muito o tomate de cheiro a la grimoe, cujo recheio é de salsichas, alho e raspadura de pão seco e torrado. Assim recheado, assa-se ligeiramente no forno. É também delicioso manjar. Em medicina, os tomates macerados em azeite são reputados resolutivos nos casos de contusões. Emprega-se o mesmo óleo para acalmar as dores do reumatismo. O suco da planta é usado exteriormente para curar as inflamações dos olhos, dos ouvidos; emprega-se em fricções. Também se aplicam as folhas que são anódinas, ou bem mantém-se a polpa em cima das pálpebras nos casos de oftalmias agudas. É tópico que, com efeito, parece merecer a sua reputação vulgar.