Tento

Abrus precatorius Linneo, Cipó de alcaçuz, Família das leguminosas

Tento

     História Natural. Frei Vellozo aponta três variedades de abrus na província do Rio de Janeiro, o Abrus precatorius Linneo, o Abrus arboreus e o Abrus lusorius. O primeiro encontra-se no Brasil, nas Antilhas e na Índia. Cipó vivaz, cresce em sítios arenosos, nas praias marítimas. O P. M. Neuwied observou-o nas imediações do Barreto e de Macaé. A sua altura chega de dez a doze pés, os ramos são delgados, alternos, a cutícula é cinzenta, o invólucro celular verde, cheio de um suco semelhante ao do alcaçuz europeu. As flores são pequenas e vermelhas, com nove estames, pistilo comprido que depois se transforma em vagem de quinze linhas, redonda, composta de duas membranas e cheia de seis sementes esféricas, lustrosas, marcadas perto do umbigo com um ponto denegrido.

     Análise Química. Obtém-se do talo um princípio açucarado e gomoso, o qual fornece pela maceração uma matéria de cor esverdeada, amido, ácido málico e pequena fração de açúcar que provém melhor das folhas. O Jornal das Sciencias Médicas, p.124, assevera que se extrai da planta o mesmo que do alcaçuz europeu.

      Propriedades. Os portugueses deram o nome de tentos às sementes que servem de marcas de jogo. Na Índia, deram o mesmo apelido às sementes da Ormosia coccinea de Jackson, espécie da tribo das sophoreas, família das leguminosas. O Tento é árvore de folhas pinuladas, de cor verde escura, de ramos felpudos de cor ferruginosa. Nota-se a bela cor vivaz das flores. O cozimento das folhas é remédio calmante para as irritações das vias aéreas, e das flegmasias da garganta e do peito. Para a decocção emprega-se uma onça de folhas por cada libra de água. No primeiro período de irritação da gonorreia, se usa da mesma bebida com proveito. A indústria utiliza as sementes para brincos, colares e obras de  moda e de capricho. A opinião sobre as sementes, por serem venenosas, parece infundada, pois antigamente, na Índia, costumavam comê-las cozidas. As raízes podem substituir as do alcaçuz. Os naturalistas notam que as frutas muitas vezes caídas no mar são levadas pelas correntes do oceano para praias logínquas até as da Europa e da África.

 

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