História Natural. É uma planta transplantada de Portugal para os jardins do Brasil. Poucas espécies se notam no gênero euphorbia que sejam mais bem caracterizadas pelo seu porte, pela sua presença que a Euphorbia lathyris. A cor azulada e as quatro filas de suas folhas a tornam notável. Seus caracteres botânicos são os seguintes: caule dicotomo, folhas sésseis, opostas, imbricadas em quatro direções, lanceoladas e integérrimas; umbela de quatro raios forquilhosos; cápsula quase redonda, triangular, rugosa, de cor acinzentada, com três cavidades, cada uma das quais encerra uma semente; sementes ovadas, obtusas de ambos os lados, do tamanho das do cânhamo e sulcados longitudinalmente de um lado; uma das extremidades apresenta uma elevação orbicular, branca, crenada na margem; amêndoa branca, muito oleosa, contida em um episperma delgado e quebradiço. A planta encontra-se espontaneamente próxima das povoações, porém cultiva-se nos jardins em Portugal, de onde veio.
Análise Química. A planta é bianual, desprovida de cheiro e quase insípida. As sementes são acres e corrosivas, delas extrai-se um óleo fixo, ou reduzindo-as à pasta espremendo-as ou tratando a pasta pelo álcool ou pelo éter e evaporando o dissolvente. Este óleo é branco, transparente, muito oxigenável, por isso deve-se usá-lo logo. Livra-se do princípio acre lavando-o em água fervente, acidulada com ácido sulfúrico. Chama-se óleo de carapuça.
Propriedades. Os autores de matéria médica consideram o óleo como purgante drástico e emético. O Sr. Guibourt diz que das sementes, outrora chamadas Grana regia minora, se extrai um óleo sucudaneo de Croton tiglium, o qual purga na dose de oito gotas. O Sr. Albano, na sua Pharmacographia, o aconselha como tal e na mesma dose em emulsão arábica. O suco desta planta depois de concreto se apresenta sob a forma de pequenas massas amareladas, irregulares e pouco solúveis no álcool. A Euphorbia lathyris dá raízes grossas das quais se extraem até cinco onças de óleo por cada pé, o que tem induzido a cultivá-la em grande escala com a futura previsão de tirar partido do óleo para iluminação, uma vez que se consegue privá-la do seu princípio acre e corrosivo pela lavagem em água fervente. Louis Franck e Calderini na Itália experimentaram o óleo de carapuça na dose de 4 e 8 gotas para um adulto; os professores Grimaud e Bally a ensaiaram em Paris na dose de 6 a 10 gotas como purgativa. Ele causa por vezes o vômito, porém nunca provoca a salivação como faz o óleo de croton. O óleo de carapuça se prepara pelo álcool ou por espremeção. Por este último processo, o óleo é muito mais purgativo. Louis Franck pensa que seria ótimo remédio para debelar a tênia, a histeralgia e a ascite. Bovius receitou as sementes para curar a sífilis, e o Dr. Burtin diz que elas podem substituir a Ipecacuanha. A raiz e as folhas são de igual modo reputadas purgativas e detersivas. Refere-se no tomo 7, do Dicionário de Matéria Médica pelo Dr. Merat que o suco branco da Euphorbia lathyris aplicado sobre a pele causa uma viva inflamação. O Dr. Klebe animou-se a dar internamente o mesmo suco em um caso de icterícia com bom proveito, na dose de 24 gotas em um copo de água. Nos primeiros oito dias, a cor amarelada da pele veio a diminuir assim como as dores do fígado e do estômago, e a enferma ficou curada ao fim de alguns meses, tomando constantemente o remédio, sem experimentar sofrimento algum por causa de sua aplicação, senão quando se aumentava a dose do suco, o que causava dores de estômago e cólicas.