História Natural. Refere o Sr. A. St´Hilaire, na segunda parte de sua viagem, t.2, p.100, que atravessando a última lagoa que se encontra antes de chegar ao sítio do Pires, a achou coberta por uma typha que lhe pareceu intermediária entre a Typha latifolia e a Typha angustifolia, a qual chama-se vulgarmente no país de Taboá e serve unicamente para cobrir as casas, tecer esteiras e capachos. Estas plantas que abundam nos pântanos, na beira dos rios, nas lagoas da Europa igualmente se observam nos mesmos lugares do Sul América. Aublet descreve o Typha angustifolia que se desenvolve nos pântanos e rios de Caiena, muito provavelmente que a planta typha encontrada pelo célebre viajante seja uma das três espécies mencionadas, e como tais plantas merecem especial menção para não serem desprezadas no Brasil, visto o partido que delas se pode tirar, havemos de mencionar todas as informações coligidas pelos autores de botânica e de matéria médica. O gênero typha contém plantas monocotiledôneas das monaecias triândria de Linneo, sem nós, de folhas longas chatas inteiras, caule comprido, acabando por uma espiga de flores numerosas, estreitadas, as masculinas em cima das fêmeas que são felpudas. A raiz é nodosa, rasteira carnuda e grossa; o ovário é pontudo, fusiforme, marcado de um rego longitudinal sobre um dos lados. O fruto é fusiforme também, membranoso, contendo uma semente única que se constitui de um tegmento próprio delgado, de um endosperma farinhento que encerra no seu centro um embrião cilíndrico e monocotiledôneo.
Análise Química. As espécies de typha são pouco numerosas; são plantas herbáceas, viváceas e aquáticas. A análise feita pelo Raspail das raízes frescas e jovens patenteia uma fécula branca que se parece depois com farelo pela ação do ar. O farmacêutico Lecoq diz que é fácil obter uma geleia da mesma fécula e que os talos da planta dão pequenos cristais de fosfato de cal. O pólen das typhas abunda quando elas florescem. Braconnot analisou o pólen e observou: Água 47,00; Polenina, Matéria colorante amarela 25,96; Açúcar, Matéria pouco azota, Goma, 18,32; Sebo formado de estearina e oleína 5,60; Amido 2,08; Fosfato de cal e magnésia 1,28; Fosfato de potassa com vestígios de muriato e sulfato 1,28; Malato de potassa 0,40; Sílica 0,40; Óxido de ferro 0,40. Total 102,32 (Annales de ph. ch. t. XLII)
Propriedades. Em medicina, Gmelin assevera que a infusão de typha suspende os soluços. Aublet diz que em Caiena faz-se uso das folhas em chá para curar as flores brancas e a gonorreia e que são úteis na disenteria crônica. Os pelos que abundam na planta são recomendados para a cura das queimaduras, salpicando-se com eles as partes queimadas. Nas artes da indústria, as typhas apresentam úteis empregos. O célebre Darcet tentou fazer papel com as folhas e os pelos das flores. Estes últimos, misturados com algodão, foram utilizados na fabricação de chapéus, luvas e chitas. No Norte América servem para encher colchões. O uso industrial da typha no Brasil é exatamente o mesmo que se pratica na França. Seria útil que não se limitasse a cobrir telhados e tecer esteiras e capachos, uma vez que se reconhecem as vantagens de tantos ensaios.