Abóbora do mato

 Abobrinha do mato, Tayuyá ou Tarpiá, Gonú ou Tayuyá de quiabo em Minas, Novo Leroy no Rio de Janeiro, Bryonia prismatifida de Vellozo, Trianosperma ficifolia de Martius, Momordica cordatifolia de Godoy Torres, Monaecia Monadelphia de Linneo, Família das cucurbitaceas de Jussieu

Abóbora do mato

   História Natural. O botânico brasileiro A. L. P. da Silva Manso diz que esta raiz de cipó se divide em poucos galhos mais finos espalhados horizontalmente. Destes saem fibras que acabam em tuberas de seis polegadas de comprimento e duas de diâmetro e mais na grossura. A espécie conhecida em Minas é a Wilbrandia hibiscoides do botanista Manso. E, segundo Mr. Riedel, a Abóbora do mato é uma espécie de bryonia cujas sementes oleosas, como as raízes grossas e carnosas, são purgantes. As duas espécies não se devem confundir com a outra cucurbitácea de nome Momordica purgans, como o fizeram os Dr. Merat e Delens. A flor da Abóbora do mato é branca, o fruto tem a forma de um ovo e é riscado (ver A. St´Hilaire). A planta é sarmentosa, tem a película rugosa de cor escura, o interior branco de leite exalando um cheiro animal. (Journal de Chimie, janvier, 1829)

   Análise Química. Mr. Soullié, ao analisar a Abóbora do mato, verificou que ela contém amido, albumina, goma, resina, ácido málico e um princípio amargoso (ver Revista Médica Fluminense, novembro, 1837). Segundo Mr. Herberger, o cipó de Tayuyá contém um princípio ativo, a tayuyina, resina, óleo, goma e outra matéria precipitada pelo acetato de chumbo, uma matéria amilácea e uma fibra vegetal (ver Compilador de Porto alegre, janeiro, 1832)

  Propriedades. Como panaceia de fazendeiros de Minas, São Paulo e Serra Fria, nas enfermidades dos negros, a Abóbora do mato é um poderoso purgante. Seu suco amarelo obra como drástico no curativo da hidropisia e das moléstias cutâneas. Não é remédio salutar contra o veneno como o povo acredita, porém é muito desobstruinte dos engorgitamentos crônicos de fígado. O Hufeland recomenda-a dez dias seguidos contra a solitária. Segundo o Martius, é planta que tem virtude depurativa internamente em mais de quinze diversas enfermidades; faz-se o uso em Pernambuco como de um excelente remédio quer em loções, quer em cataplasmas para o tratamento das úlceras venéreas escorbúticas ou contra a elefantíase, lepra dos gregos.

  Modos de Administração. Recomenda o Dr. Conselheiro Peixoto (Dissertation Inaugurale, p.53), dar doses moderadas para não causar estragos. O melhor modo de administração da Abóbora do mato é em cozimento, pois os pós e o sumo são eminentemente drásticos e de um efeito violento. O cozimento é muito amargoso, nauseabundo, faz salivar, provoca suores e depois dejeções. 1) Cozimento: raiz seca da Abóbora do mato quatro onças; água quatro libras. Faz-se ferver até reduzir a três; a dose regula-se segundo a força das dejeções, que podem chegar de 10 até 20; 2) Pós contra a tonia: pós da Abóbora do mato três onças; mel duas onças. Faz-se uso diário até acabar pelo espaço de dez dias; 3) Extrato em pílulas. Extrato de raiz da Abóbora do mato uma oitava, extrato de Alcaçuz q.b. Faça pílulas de 6 grãos cada uma . Deve-se tomar até seis por dia nos casos de ascite, lesão crônica de fígado, tumores articulares, amenorreia, de mania melancólica como assim fala o Dr. Martius.

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