Sepi, Sebipira major Martius, Cibipira brasiliensis Marcgrave, Cibipiranum Pison, Bowdichia major Martius, Sucopira, Sebupira, Sicipira, Sepepera, Curubai-mirim, Cebipira-guaçu Pison, Família das leguminosas
História Natural. Árvore alta dos campos centrais do norte do Brasil, conhecida por Pison e Marcgrave como arbot Brasilensis floribus especiosis spica lis pericarpio sico. Existem várias espécies; a Sebipira major de Martius ou Cebipira do campo, a Sepibira do mato ou Acácia e a Cebipira branca que pertence ao gênero myroxilon. São essas várias espécies que Balthazar da Silva Lisboa descreve com os nomes vulgares de Sicupira, Sicupirossu, Secupira acariz, Sicuperamirim. Reproduzimos aqui uma boa parte de sua descrição. “A Sicupira é uma das formosas e úteis árvores dos bosques. Sobe a cem e mais palmos, de oito, dez e mais de circunferência, tem as suas raízes escoradas grossas e curvadas, tronco tortuoso e curvado de cor roxo terra, o entrecasco é amarelo claro, com veias carmesim, poroso com uma veia, que os carpinteiros chamam vento natural, delgado, que contém uma resina amarela e cor de enxofre. Quando ferido, dele brota um licor amarelo amargo. Os ramos são alternados e opostos; as folhas lustrosas, verde escuras na parte superior, abertas na ponta pelo meio da nervura longitudinal com veias miudíssimas. Cada ramo contém quinze a vinte e mais flores em ramalhetes. Essas flores são pegadas a um pedículo particular, com cinco pétalos roxos, pregados no cálice pardo escuro, dos quais três são maiores com nove estames, tendo algumas dez, brancos, com anteras pardas. O ovário contém um pistilo verde gaio, pegado ao mesmo cálice pardo claro; na parte interior, caindo as flores que são inodoras, nasce do meio do ovário uma síliqua de cor verde que, amadurecendo, fica parda com suas locuções, onde estão arranjadas muitas sementes pardas. Despe-se em julho e agosto, floresce em setembro e outubro”. “O Sicupirossu é árvore de igual dimensão que a antecedente; suas raízes são grossas, encurvadas e transversais; o tronco sobe direito, de cor roxo terra, o âmago é ventoso cheio de um licor amarelo amargoso, os ramos são alternados e opostos; as folhas cordais e lanceoladas, verde escuras e lustrosas na parte superior, verde claras na inferior e nervosas. É copada e cada ramo contém flores pegadas ao seu pedículo com cinco pétalos cor de lacre em pingo, três maiores pegadas ao cálice, pardo claro, com nove estames brancos, com anteras pardas; o pistilo é verde gaio, pegado ao cálice; caída a flor, nasce do meio uma síliqua de cor verde, do tamanho de um dedo. Floresce em setembro e outubro. São comuns duas qualidades de Secupira acariz, diversas entre si, tanto na qualidade da madeira (uma é mole, menos compacta e durável), como na sua específica natureza. A madeira Acariz, que se usa nas construções, assemelha-se à Sicuperamirim nas folhas, ainda que sejam maiores do que as daquela, bem como os galhos, que nesta são pardos e cinzentos com manchas brancas, e as ramificações verde gaias; as folhas são verdes pela frente e alvacentas na parte posterior; o talo é verde gaio; os botões verde gaios tirando para branco; tem oito folhas em cada ramificação, apara umas das outras, principiando pelas menores e acabando as duas das pontas maiores. O cálice verde gaio é monofilo, cortado em cinco partes; corola composta de cinco pétalos brancos pegados ao cálice, com dez estames brancos cobertos de anteras pardas de dois alojamentos pegados a uma vagina. O ovário é uma favinha verde gaia peluda, montado de um pistilo branco; em algumas flores, se acha um estame mais branco, encostado ao ovário, mais grosso do que os demais, coberto de uma antera parda redonda”. “A outra Acariz é pau mole, não obstante ter o mesmo crescimento e a mesma grossura das outras; tem a casca parda cinzenta, o âmago esbranquiçado, as raízes grossas e horizontais, as folhas quadripinduladas, os ramos alternos, verde escuros, luzentes na parte superior; na inferior, verde claros. Por entre os ramos, hastes e tronco, nascem pedículos de flores cuja corola é esverdeada de uma só peça, dividida em quatro miúdas lacínias, o cálice curtíssimo, monofilo, pegado em uma vagina amarela e, na parte superior, ornado com quinze finíssimos estames, louros, cobertos de anteras ovais, reunidas naquela vagina com seu pistilo branco. Essa vagina sobressai acima da corola de um pardo bonito. O ovário é uma fava semelhante à orelha de pau adocicada, que as antas saboreiam, composta de sementes nuas e chatas.”
Análise Química. A casca é um pouco adstringente, o líber e o alburno são de um amargo desagradável. O mesocarpo contém um óleo flogístico inflamável, fortemente amargo (Riedel). A casca encerra muito tanino, dá pelo ferro um precipitado azulado, mucilagem e matéria albuminosa. O sabor é acre, o óleo resinoso tem um princípio volátil. As suas sementes torradas se igualam ao grão de café.
Propriedades. A casca reputa-se diaforética; o sumo é experimentado contra o veneno de jararacas; os banhos do seu cozimento são adstringentes, aplicados para moléstias de frio e dores de ventre chamados corrimentos. São muito eficazes. O mesmo cozimento serve em bebida para destruir o mau veneno e as moléstias de pele. Os sertanejos empregam o óleo para curar as cólicas e outras irregularidades do estômago. Gabam-se as virtudes simultâneas da Sicupira para aliviar os ataques de reumatismo, de gota e debilidade. Administra-se o cozimento em banhos gerais e locais; o óleo serve em fomentações e dá-se a casca em pós internamente. O médico B. Paiva considera a casca como um excelente remédio para excitar o sistema linfático e elogiava a mesma para fortificar a pele quando era flácida ou ameaçada de inchaço. Nas artes, a Sicupira é boa madeira por ser dura e durável, serve para as construções, rodas de máquina e polias; o Sicopirossu serve nas construções para cintados e outras obras, tem poros fechados, só se distingue da Sicupira mirim pela casca, é macia no serrar e lavrar, e se faz uso também para obras de casas. As duas outras espécies Acariz servem unicamente para obras de casas.