Sassafrás

Laurus sassafras Linneo, Ocotea cymbarum Kunth, Família das laurineas

Sassafrás

       História Natural. Faltam ainda exatas averiguações acerca da árvore que dá o óleo de Sassafrás. Existe no Brasil o legítimo Louro sassafrás do Norte América, ou uma congênere ou o Sassafrás do Pará e do Rio Negro. Será Ocotea cymbarum de Kunth, Sassafrás do Orinoco? Eis a questão principal. Deu-se o nome de noz de sassafrás ao Pichurim; a este erro seguiu-se outro que foi o de reconhecer por Sassafrás o Licaria guianensis, cujas folhas e a madeira exalam um cheiro de rosa quando envelhecem. O Sassafrás da Índia Oriental é o Laurus porrecta Roxburg; o Sassafrás verdadeiro é o Laurus sassafras Linneo, Persea sassafras Sprengel, Sassafras officinalis Nees, que nasce na América do Norte desde o Canadá até a Flórida e, segundo a Corographia de P. Cazal, o pau de sassafrás encontra-se nas províncias do Espírito Santo, da Bahia e do Paraná. O Dr. Freire faz menção na Lista das Árvores da Província do Rio de Janeiro à Canela sassafrás, e Frei Vellozo descreve a mesma com o nome de Laurus odorifera, de folhas lanceoladas, oblongas, pedúnculos encimados, dizendo que a diferença existente entre a espécie brasileira e a do Norte América consiste nas folhas que são lanceoladas na primeira e trilobadas na segunda. Todavia, sendo a espécie do Norte América o tipo do gênero, cumpre delinear seus mais salientes caracteres; o Laurus sassafras é árvore de trinta a quarenta pés de altura, de folhas alternas, pecioladas, grandes pubescentes, de figura variável, ovada e obtusa ou bem de três lobos e cordiformes; elas são verdes por cima e esbranquiçadas por baixo. As flores são dióicas, amarelas, formando pequenas panículas; a fruta é uma drupa pequena, ovoida, da grossura de uma ervilha, de cor arroxeada, rodeada na base pelo cálice que é persistente (Richard, Botânica Médica, t.1, p.182).

       Análise Química. A casca da raiz contém água, óleo essencial, outra que pesa bastante, matéria canforada, estearina, cera, resina balsâmica, tanino, sassafride, albumina solúvel, goma, matéria vermelha, sais, fécula e fibra vegetal (Rev. Scientif. Remischebach, t.26, p.339).

       Propriedades. A raiz, o lenho e a casca são remédios de crédito como sudoríficos para debelar o reumatismo e a sífilis inveterada, quer na medicina humana, quer na arte veterinária. Na América do Norte, costuma-se fazer chá com as flores do Sassafrás, chá aromático e que promove diaforese e secreção copiosa de urinas. Utilizam-se os gomos na Virgínia para fazer cerveja. Na Louisiana as folhas servem para adubos e licores de  mesa. As frutas são aproveitadas pelos perfumistas por serem muito cheirosas. A madeira e a casca dão uma tinta amarela e cor de laranja muito boa para as lãs. O lenho serve para obras de torneiro e marcenaria e como combustível. No Brasil, o Sassafrás encontra-se abundantemente na província de Santa Catarina, onde não cresce nem engrossa muito como  nos Estados Unidos do Norte América. Há uma grande diferença entre as árvores de Sassafrás da Florida e da Pensilvânia e de Massachussets, assim como acontece com as árvores do Norte e do Sul do Império. Utiliza-se a madeira na província de Santa Catarina para construir pequenas canoas; ela é rija, seca, de cor arroxeada, aroma ativo, serve para obras de casa quer do interior, quer das expostas ao tempo e resiste à umidade. Os esteios são excelentes, sendo a madeira velha. Nem o bicho nem o cupim a acomete (Memória de J. de Almeida Coelho, p.117). O Dr. José Agostinho Vieira de Mattos, deputado da província de Minas, experimentou ultimamente o óleo essencial de Sassafrás como preservativo das madeiras. O óleo que lhe foi enviado pelo Exe. Sr. H. Ferreira  Penna foi extraído por meio de incisões de uma árvore colossal da província do Amazonas, ali conhecida pelo nome de Louro sassafrás; o óleo é líquido, transparente, de cor alambreada, de cheiro aromático suave, assemelhando ao óleo de cajeput, de sabor picante e amargo, produzindo ao paladar uma sensação de frescura análoga à da Hortelã pimenta; volátil, inflamável, solúvel só no éter e no álcool. O Sr. Spruce, naturalista inglês, em viagem pelo Amazonas assevera que o óleo preserva as madeiras dos vermes e insetos que as destroem (Corresp. Jornal do Commercio, de 7 de setembro de 1855). Semelhante préstimo merece ser confirmado por novas e repetidas experiências. Os que procuram mais informações acerca do óleo essencial de sassafrás, devem consultar a tese de química Recherches sur l'huile essentielle de Sassafras, Paris, 1846.

 

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