História Natural. Os Sargaços do mar são as algas peculiares do Oceano Atlântico, abundam de tal maneira em certas latitudes que os portugueses chamaram Mar de Sargasso o espaço compreendido entre as Ilhas Canárias e o Cabo Verde. As mesmas algas cingem as costas extensas do Brasil e referem-se à primeira seção do Tratado das Algas de Agardh, que se acha composta dos Fucus natans, Fucus acinarius, Fucus heterophyllus, Fucus plagiophyllus e Fucus subrepandus. Alguns outros autores divergem de opinião e sustentam que todos esses caracteres se confundem no gênero fucus: “as diferentes espécies de fucus chamadas ordinariamente plantas marinhas, diz Brotero no seu Compêndio de Botânica, t.2, p.98, umas têm raiz, outras parecem não ter raiz alguma; em muitas, há uma espécie de tronco a que uns chamam espique quando é um tanto roliço e só tem uma fronde com a qual se confunde intimamente; outros chamam caule, principalmente se é roliço e se divide em muitos ramos cilíndricos ou fitiformes. Em algumas parece não haver tronco, mas somente frondes rentes. As frondes são de uma substância cartilaginosa e celulosa, lisas em ambas as superfícies, inteiras, ou divididas em frondíolos ou lacínias, e de ordinário aforquilhados; algumas são inteiramente planas e sem sinal algum de nervuras, outras têm uma nervura média longitudinalmente. A sua frutificação consiste em tubérculos ou vesículas mucosas, ora rentes encavadas nas frondes ou nos ramos, ora pedunculadas; não se lhes divisam estames nem pistilos, mas tão somente dentro das vesículas mucosas, algumas cápsulas unicelulares, surradas no topo ou em outro lugar, e cheias de grãozinhos envoltos em um muco viscoso que são reconhecidos por verdadeiras sementes”.
Propriedades. O Sargasso ou Fucus natans Linneo pode prestar serviços à medicina. Pison assevera que no seu tempo era reputada de grande préstimo para desfazer pedras ou cálculos da bexiga e que em Pernambuco se receitava nos casos de retenção de urinas ou de cólicas nefríticas. Rumphius sustenta igual parecer acerca das virtudes do Sargasso, enquanto outros facultativos administram o cozimento como um antifebril eficaz. É mister referir tais propriedades terapêuticas à presença dos sais, do álcali, do iodo, da gelatina e da mamita que vários fucus apresentam pela análise química; muitos contêm hidriodatas de soda e alguns de potassa. Certos fucus são analepticos como o Fucus crispus que abunda nas costas e mares da parte norte do Oceano Atlântico. O estudo dos fucos, do ponto de vista da terapêutica, promete inumeráveis conquistas. Os botânicos acreditam que consagrando-se a averiguação dos caracteres verdadeiros desse criptograma se trilha a vereda que cumpre seguir. A tarefa é árdua acerca dos fucus brasileiros, Martius deu agigantados passos, porém ainda a separação do gênero Sargassum em tantas espécies torna-se objeto de sérias refutações críticas (ver Conferra).