Umbu, Imbu, Imbuzeiro, Ambuzeiro Pison, Prunus brasiliensis, Spondias tuberosa Arruda, Família das burseraceas
Caracteres Botânicos. Folhas ímpares, aladas e flores polipetaladas, dispostas em cachos axilares; drupa com cinco septos; cálice de cinco dentes, corola de cinco pétalas.
História Natural. "Árvore que abunda nos sertões”, diz Arruda (Discurso, p.41), “nas províncias de Pernambuco e da Paraíba do Norte, produz frutos pouco menores do que o ovo de franga, abovoados, conservando na sua parte inferior cinco * proeminentes, sinais dos cinco estigmas. Sua cor é amarela e, debaixo da epiderme coriácea, retém uma polpa sucosa de gosto doce ácido agradável". A Corografia Bahiense diz, p. 72, que na Bahia "se encontram várias qualidades de Umbu ou Ambuzeiro, os quais são de pouco crescimento e prosperam nos terrenos agrestes não querendo cultura; começam a ramificar ao sair da terra. Seus ramos são extremamente entrelaçados uns com outros, as folhas pequenas envernizadas por ambas as faces. A flor é em cachos pequenos, o fruto de cor entre verde e branco, pele grossa e áspera ao paladar, com caroço grande redondo, o qual nunca se despega da polpa, que se resolve em líquido grosso ordinariamente agradável quando maduro. A Descrição do Brasil por Gabriel Soares de Souza, refere no cap. 53 "que se encontra pelo sertão da Bahia o Ambú, árvore pouco alegre à vista, áspera de madeira e com espinhos como Comeira, do seu tamanho a qual tem folha miúda. Dá esta árvore flores brancas, o fruto do mesmo nome, do tamanho e feição das ameixas brancas. tem a mesma cor e sabor, o caroço maior. Dá-se esta fruta ordinariamente pelo sertão no mato que se chama caatinga. Lança das raízes naturais outras raízes tamanhas e da feição das botijas outras maiores e menores, redondas e compridas, como batatas e acham-se algumas afastadas da árvore cinquenta e sessenta passos e outras mais perto. Para o gentio saber onde estas raízes estão, andam batendo com um pau pelo chão, por cujo tom conhecem onde cavar e tirar as raízes de três e quatro palmos de altura Outras se acham à flor da terra Delas se tira uma casca parda que é como a dos inhames, ficam alvíssimas e brandas como maçãs de coco, cujo sabor é muito doce e tão sumarento, que se desfaz na boca em água frigidíssima e muito desencalmada. Com elas, a gente que anda pelo sertão mata a sede, onde não acha água para beber e mata a fome comendo essas raízes, que são muito sadias e não fazem nunca mal a ninguém que comesse muito delas.". O Ambu, árvore mediana das catingas, floresce em agosto, encontra-se abundante tanto nas províncias do Norte como do sul do Império. No Rio Grande do Sul, é árvore muito conhecida nas serras. Pison e Marcgrave a reputavam "Prunus Brasiliensis, fructo flavo nucleo, amigdalo sapore".
Análise Química. O fruto encerra goma, ácido málico, princípio mucoso açucarado, amido e malato de cal.
Propriedades. A marmelada do fruto é laxativa, e dizem ser excelente para curar as hidropsias. Os caroços são reputados venenosos, porém sem fundamento. Os sertanejos costumam fazer com um suco com o fruto, leite coalhado e açúcar, uma iguaria muito estimada no país, a que se chama imbuzada. O Arruda confirma a observação do Gabriel Soares dizendo que esta árvore lança raízes longas e horizontais, pouco profundas, em que se veem, de espaços em espaços, túberas redondas do diâmetro de um palmo, fartas de água quase à maneira de melancias que suprem a vegetação da árvore nas secas e desalteram os caçadores que se entranham nos bosques. A gente do campo mistura o leite do fruto com mel e açúcar e reputa a imbuzada ou ambuzada com uma comida de primeira ordem, para consolar e refrigerar o estômago. O Dr. Subim tem referido um caso de desaparecimento de asma em um moço que sofria desde pequeno, pelo uso do fruto do Umbu. Para conseguir efeito laxante, pode-se fazer uso do extrato do fruto na dose de uma onça. Meia libra de fruta serve para uma tisana laxativa e, quando se queira fazer uso das folhas ou da casca, basta um punhado sobre duas libras da água.