Salepo

Orchis morio Linneo, Orchis mascula, Família das orchideas

Salepo

      História Natural. O Arruda diz “Seria bem útil a cultura das três espécies de orchis,  Orchis morio, Orchis mascula e Orchis militaris de que se utiliza a raiz tuberosa. Cortada em pequenas aparas, secas ao forno, obtém-se uns tubérculos que se chamam em farmácia, Salepa, muito usadas em medicina não só por ser nutriente como muitos pensam, senão por que conservam algum estímulo próprio das plantas deste gênero que fortificam e dão tom aos nervos”. O peditório do Arruda tem sido contemplado, pois cultivam-se hoje os orchis em alguns jardins das cidades do Império. O Orchis morio tem uma raiz de tuberculosa, globular, suas folhas são lineares, lanceoladas, obtusas, as flores são brancas ou roxas em forma de espiga acompanhadas de brácteas do mesmo comprimento que o ovário. O Orchis maculata Linneo tem uma raiz de tubérculos palmados, talo cheio folhado; folhas lanceoladas semeadas de manchas denegridas; flores em espiga estreita, curta, branca, com linhas arroxeadas ou púrpuras, brácteas mais comprimidas que o ovário.

      Análise Química. Os tubérculos de Salepo encerram uma matéria solúvel em sessenta partes de água, e uma porção insolúvel, semelhante pelas suas propriedades à goma de Bassoura. Segundo Mathieu de Dombasle, o Salepo contém óleo volátil cheiroso, goma mucilaginosa em grande proporção, lenho, carbonato de potassa e muriato de potassa.

      Propriedades. Extrai-se o Salepo ou farinha das cebolas, dos orchis, lavando-as com porção de água quente, tirando a película e deitando-as ao sol. Conservam-se as cebolas secas muito tempo e raladas fornecem a farinha de salepo, tendo o cuidado de as umedecer ligeiramente antes de proceder à rapadura. A farinha nutre melhor que a da Araruta, convém para refazer os estômagos enfraquecidos e sustentam os enfermos durante a convalescença. O consumo doméstico utiliza o Salepo em mingaus, sopas, geleias e confeitos misturados à farinha com açúcar e outros ingredientes. Muitos médicos recomendam o seu uso nos casos de tísica pulmonar, de febre hectica, e de disenteria crônica. Nas artes, emprega-se o Salepo para substituir a goma arábica, querendo dar-lhes uma consistência lustrosa, assim como se pratica na Pérsia.

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