Ambayba

Ambauba, Imbayba, Umbauba, Árvore da preguiça, Ambaitinga Pison, Cecropia peltata Vellozo, Dioocia Diandria Linneo, Família da urticeas

Ambayba

   História Natural. Eis a descrição do Fr. Vellozo: "Tronco erguido de 35 a 50 pés de altura, oco, entrecortado de distância em distância, de diafragmas horizontais ou separações membranosas, que se fazem ver na superfície exterior por grossuras anulares. Folhas grandes, abroqueladas, com muitos lobos, ou pontas, como as da figueira, aveludada por baixo. Pecíolos compridos, inseridos no centro das folhas. As flores são contidas em uma espata cônica ou em uma bainha. As masculinas vêm em plantas separadas das femininas, sobre amantilhos, vulgi candeas, como as dos castanheiros, compostas de muitas escamas apionadas. Somente um nectário escamoso, que supre a ausência da corola. Dois estames curtos, delgados e terminados por anteras quadradas e oblongas. As fêmeas são encerradas em uma espata cônica, destituída, como as masculinas, de corola. Germ. ou oveir. quatro sobrepostos uns aos outros em feição de telhas, os quais sustêm um estame curto, coroado por um estigma lacerado. O cálice se volta posteriormente em uma baga, oval cilíndrica e composta de muitos grãos pequenos, em cachos, como amoras, às quais se parecem no sabor, quando maduras.". (Flora Allographica, p.213). A Ambayba chega a uma bela altura e se encontra em quase todas as províncias do Império e nas outras partes da América. Wildenow descreve três espécies de cecrópia, as quais se chamam Cecropia peltata, Cecropia palmata e Cecropia concolor; todas as três se encontram no Brasil. Segundo D’Orbigny (Dicte, t.3, p.249), o gênero cecrópia conta hoje com cinco espécies, todas oriundas da América tropical. "Entre nós, o vulgo distingue duas espécies de Ambayba: a roxa e a branca. A primeira tem a particularidade, por nós apresentada, da folha contida na espata oferecer uma cor sanguínea, e conservar por algum tempo essa cor, bem como a espata, que também tem uma cor arroxeada. Na segunda, essa folha é branca e depois torna-se verde na parte superior e de uma cor esbranquiçada na inferior. A espata apresenta uma penugem branca e não é arroxeada." (ver tese do Dr. Carlos Luiz de Saules. Rio de Janeiro 1848, p.3)

   Análise Química. O suco leitoso que dimana ou corre do tronco e ramos da árvore é acre e amargoso e dá um princípio corrosivo e adstringente. As cinzas do tronco dão abundante potassa; extraem-se das folhas e ramos vários sais, carbonatos e sulfatos de ferro, manganeza e magnésia, goma, tamino e clorofila.

   Propriedades. "A Ambayba serve para diferentes usos nas artes. Ninguém ignora que o seu tronco é muito empregado para encanamentos. O Sr. Riedel referia-nos que no tempo em que esteve em Mato Grosso, viu curtirem-se, com o suco das folhas, couros de anta e de quati. Dá a Ambayba um carvão muito leve, segundo refere o Barão de Eschwege, carvão ótimo para a pólvora, e cujo uso a nossa fábrica de pólvora já propôs. As folhas de Ambayba chegam a ter tal aspereza que com ela se lixam madeiras em Suruhy, Porto da Estrela" (ver tese do Dr. Carlos Luís de Saules, p.4). Esta árvore fornece borracha, o lenho mole acende-se logo pelo atrito, sobretudo na raiz. Os índios costumavam fazer dos troncos ocos ou dos ramos espécies de trombetas para marcar o sinal do combate ou para chamarem os povos à reza. A potassa que fornece, serve para clarificar o açúcar, fazer sabão e branquear os panos. Os usos medicinais desta planta são muito variados. As folhas novas espremidas e os grelos são refrigerantes e adstringentes em diarreias, gonorreias e metrorragias, no que estão de acordo os autores que escreveram a tal respeito; igualmente na forma de cataplasmas em feridas e chagas, e também contra mordedura de cobra. Os negros, diz Marcgrave, utilizam o suco branco da medula para curar as suas feridas. Desde muitos anos, dá-se o xarope de grelos da Ambayba contra as afecções de peito. O uso existe nas províncias de Minas e do Rio de Janeiro. A ambayba, diz o autor da Matéria Médica publicada no Patriota dos meses de julho e agosto, 1814, produz no cimo um grelo avermelhado, cujo sumo, na dose de uma colher dado em leite, ou cozimento de cevada com açúcar, cura a diabetes, diarreia antiga e flores brancas. “Os habitantes do Rio de São Francisco asseveraram-me”, diz Martius, “que eram exatas as virtudes que Pison referia ao suco extraído das folhas e dos grelos; que era um remédio refrigerante e cuja ação parecia ser o resultado da mistura de um princípio adstringente e de um princípio acidulado”. Ricord-Madiana diz que a infusão dos grelos cura o envenenamento causado pelo maracujá-mamão ou Passiflora quadrangularis. Pison administrava o suco dos grelos quando era preciso moderar o excesso dos mênstruos ou frouxos muito abundantes. A aplicação da Ambayba à cura do cancro foi unicamente apontada pelo Descourtilz (no artigo Ambayba t.2, p.34, Flore des Antilles), que diz: "os negros empregam a película interna do tronco como adstringente e atribuem-lhe a maravilhosa propriedade de curar, em menos de nove dias, os cancros que não são venenosos, renovando sua aplicação de manhã e à noite." Deve-se ao Dr. C. L. de Saules a publicação de uma série de curas autênticas, obtidas pela aplicação da malha da ambayba sobre os cancros. As curas são fatos de crédito coligidos pelo doutores José Maurício Nunes Garcia, Miranda Castro e Antônio da Costa; os fatos patenteiam as propriedades sedativas da Ambayba muito mais enérgica do que a de todos os sedativos conhecidos.

 

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