Ratanhia da Terra

Krameria argentea Martius, tribo da krameriaceas, Família das polygaleas

Ratanhia da Terra

    História Natural. Algumas espécies de  Ratanhia se encontram no sertão de Minas e da Bahia: a Krameria ixina Linneo, a Krameria grandiflora, a Krameria tomentosa apresentam como características folhas com forma de lança, acabando com uma ponta espinhosa, margem das folhas calosas; nas axilas das folhas da Krameria tormentosa observam-se três ou seis espinhos direitos, muito agudos, de uma cor denegrida que parecem ser gomos abortados em vez de estípulas; as flores possuem duas brácteas, porém, segundo a observação de  A. St´Hilaire, encontra-se o mesmo número nas três espécies do Brasil, como em todas as outras polygaleas. São as brácteas foliáceas e de pequeno tamanho. No gênero Krameria, diz o mesmo botanista, o cálice tem 5 folíolos, todos coloridos e dispostos de modo diferente. A corola é composta de 5 pétalos, as duas superiores são colocadas do mesmo modo que nos outros gêneros da família das polygaleas, porém são curtos e de forma quadrada e irregular. 4 estames que não são soldados, 2 direitos e muito desiguais. O ovário é livre, ovoido, comprimido, tendo uma loja única, a qual contém 2 óvulos opostos e suspensos. O estilo tem o comprimento dos estames, revolvido e acabando por um estigma muito pequeno e quase bilobado. O fruto é seco, globuloso, armado de pontas espinhosas, com uma loja única que encerra uma ou 2 sementes suspensas. As sementes possuem um tegmento espesso que cobre grosso embrião com cotilédones obtusos.

    Análise Química. As várias espécies de Ratanhia, segundo as análises de Mr. Vogel, de Trommsdorff, de G. Gmelin e do Sr. Peschier, encerram um princípio vermelho resinoso, adstringente, goma, amido, sais de cal e de magnésia, silícia. Encontra-se grande porção de tanino e de  ácido, chamado kramérico pelo Sr. Peschier.

    Propriedades. A espécies descritas pelo Martius assim como as outras que se observam no Brasil possuem raiz e extrato da casca que são igualmente adstringente como a raiz da Krameria triandra de Ruiz e Pavon. O médico Manoel Henriques de Paiva empregava muito a  Ratanhia da Terra para debelar as hemorragias passivas, as leucorreias crônicas, as blenorreias e as diarreias mucosas. Receitava o cozimento da raiz ou bem o extrato em pílulas. O elemento adstringente da Ratanhia provém do ácido kramérico que é verdadeiramente estíptico. Faz-se com a mesma planta uns pós que são excelentes para a conservação dos dentes; também se administra a mesma em tintura alcoólica. A raiz serve para tingir, para dar aos vinhos uma cor carregada e, misturada com sais de ferro fornece uma boa tinta de escrever. Vende-se nos mercados um extrato ratanhia que algumas vezes se confunde com a goma kino, porém o extrato é muito mais grosso, mais pesado e derrete-se logo pela ação do fogo. A Ratanhia da terra é um poderoso remédio adstringente, sobretudo convém nos casos de hemorragias pulmonar e uterina. Também consegue-se curar as fissuras do ânus e do intestino reto dando um clister composto de uma xícara de água morna na  qual se tem dissolvida oitava e meia de extrato de ratanhia.

 

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