História Natural. As flores de ambos os sexos têm cálices campanulados, partidos em cinco partes com as lacínias assoveladas. A corola é também campanulada com limbo patente, partido em cinco lacínias obtusas; as partes sexuais estendidas até o exterior; são brancas por fora e por dentro ruivas, fixando para carmesim no centro de cada lacínia; estão postas em pequenos corimbos nas extremidades da planta. A flor masculina tem 8 a 10 estames, coadunados pela base, terminados por uma antera sem articulação, desiguais entre si. A flor feminina tem as lacínias do cálice guarnecidas de pelos com a cabeça igual a um alfinete; sobre o gérmen, que é oblongo, estão três estiletes com estigmas partidos em duas partes grossas e abertas desigualmente. A cápsula é de 3 lojas, cada uma contendo uma semente oblonga, envolta em um arilo; a semente tem  toda a semenlhança com o rícino, porém é de um tamanho muito menor. Levanta-se um caule como o das ervas quando espigão, da grossura de 2 ou 3 linhas de diâmetro, altura de 2 ou 3 palmos, verde claro, em algumas partes manchado de vermelho terra, com as folhas desiguais, alternadas, de um palmo, meio ovadas, compridas e assacaladas para a extremidade, macias, verde claro, com limbo superior cheio de pontos muito míudos e o inferior esbranquiçado, cuja substância parece coberta de espuma muito fina; o pecíolo é muito curto com uma estípula axilar dividida em forma de alfinetes. Esses pelos com cabeça bordam toda a margem das folhas. A raiz consta de um corpo de quatro polegadas de diâmetro aproximadamente, de onde saem poucos ramos fusiformes, que lhe dão o aspecto de um corpo humano, coberto de uma epiderme gretada de cor ocre e todo o interior tem o rudimento de camadas lígneas, porém macio ao corte, alguma coisa amigdalácea e empregando um suco resinoso quase púrpuro com o aroma de sassafrás (Revista Fluminense). A Raiz de lagarto encontra-se nas províncias de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, em várias partes do Brasil da latitude de 20 graus para o norte; nasce em campos cobertos, terreno seco ferruginoso, de dois mil pés acima do nível do mar. Ela é suscetível de cultura e pode ocupar distinto lugar na matéria médica brasileira.

    Análise Química. Matéria butirosa, extrato amargo, que o ferro precipita de cor verde, matéria que colora em vermelho, mucilagem, amiláceo, malato de cal, ácido málico; as cinzas dão carbonato e silicato de cal (ver Journal de Chimie Médicale, t.3, p.501).

   Propriedades. Esta planta contém nas sementes um óleo com as propriedades do Pinhão (Jatropha curcas). Pretende-se que os lagartos mordidos vão comer suas folhas, com que se tornam vigorosos para novos combates contra as cobras. O certo é que em toda a planta abunda uma seiva resinosa com qualidades sensíveis que abonam a pressuposição deste instinto. Os indígenas o têm por específico e contra venenos de cobras, cuja origem tem muito crédito a este respeito. Os curandeiros e feiticeiros têm em muito segredo a raiz, que aplicam acompanhada de superstições, para expelir os malefícios, isto é, como catártica. Esta raiz foi empregada no Hospital da Misericórdia de Cuiabá, em casos de amenorreia na dose de 2 escrópulos, termo médio, e obra sempre como catártica suave e com proveito. Além disso, foi usada muitas vezes como alterante, algumas vezes ativada com mercúrio e aproveitou nos estrumas, escrófulas,  hepatites crônicas e reumatismos. Tem a vantagem de não ter sabor repugnante e acomodar-se bem no estômago, provavelmente pela natural combinação do princípio aromático com o catártico, propriedade que talvez não se conheça em agentes deste uso (Revista Médica Fluminense, setembro de 1835, p.40). Usa-se a raiz em substância ou em extrato aquoso, na dose de 1 ou 2 escrópulos deste, e dois escrópulos a uma oitava daquela no caso de hidropisias, reumatismos, amenorreias e envenenamentos por picadas de cobras. A dose do extrato preparado a frio é de meia dracma.