Quina de Mucuri

Quina

Quina de Mucuri

    História Natural. O Príncipe Maximiliano Wied-Neuwied, no tomo 2, p.398, de sua viagem, dá a descrição da quina que encontra nas margens do Rio Mucuri. A casca consiste em pedaços compridos de quatro a seis polegadas, larga de uma polegada e meia a duas, espessa ou com menos de meia polegada. A maior parte dos pedaços acha-se dobrada no seu comprimento, de tal modo que o lado interior torna-se saliente e forma um rego profundo e largo. A cor externa é vermelha escura, com manchas avermelhadas claras; o lado interior é meio escuro e apresenta um aspecto lenhoso. O exterior é enrugado, venoso e sulcado no seu comprimento e oferece como a Angustura fendas transversais. Notou-se ao lado certas grossuras de cor parda e vermelha clara quer são os vestígios da epiderme ou provavelmente de algum musgo parasita. A quebra desta espécie de quina é desigual, pouco brilhante e não manifesta quase vestígio algum de lenho ou de fibras. A casca inteira parece pela quebradura consistir em uma substância única exteriormente, de cor vermelha escura, brilhante e resinosa; interiormente, vermelha pálida mais ou menos resinosa. A casca é mais pesada que a água, o sabor é amargo, desagradável, mais adstringente do que a quina vermelha.  

     Análise Química. Reduzida em pós, ela parece um tanto com os pós de granza, com a diferença de ser o reflexo desta escuro e o da quina violáceo. O cozimento da quina resulta vermelho escuro que, misturado com uma infusão de noz de galha, fornece um precipitado de cor parda avermelhada e escura e de sabor igual aos das outras quinas. O ácido muriático torna mais carregado o precipitado e, com o cozimento de tanino, nada fornece de novo; com o acetato de chumbo, o precipitado toma a cor escura mais suja e mais clara, e avermelha-se; o cremor de tártaro tinge de amarelo escuro o sulfato de ferro, comunicando-lhe uma cor azulada denegrida e pardacenta.

   Propriedades. O emprego que fez o príncipe em si e na gente que o acompanhava convenceu-os de ser a casca mais própria para curar as debilidades do estômago do que para debelar as febres intermitentes. O cozimento, que era salutar aos portugueses aclimatados, tornava-se insuficiente para os alemães, uma vez que unicamente retardava a hora dos acessos, que depois rompiam com maior intensidade. Provavelmente, a dita casca do Rio Mucuri era uma espécie de Carqueja do Brasil conhecida em muitas províncias do Sul da América, com o nome de Quina-quina. Frei Vellozo faz menção à Carqueja como a primeira das plantas reputadas falsamente por quinas.

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