Quingombó

Quiabo, Gombo, Quigombo, Hibiscus esculentos Linneo, Ketmia brasiliensis, Monadelphia Polyandria, Família das malvaceas

Quingombó

     História Natural. Estames indefinidos reunidos em um tubo aderente à corola. Uma cápsula única multilocular; cálice dobrado, exteriormente cortado em folíolos lineares, interiormente repartido em cinco divisões. Cápsulas com cinco válvulas e cinco septos polispermos; folhas de cinco lóbulos pediformes; o cálice exterior é de doze peças e cai com a corola, ficando só a base. O Quingombó é de origem africana. Lemery, no seu Tratado Universal das Drogas Simples, chama-lhe Sabdariffa e descreve-a do seguinte modo: caule de altura de três a quatro pés, direito, canelado; púrpuro; guarnecido de folhas largas, divididas em muitas partes, dentadas. As flores são grandes e semelhantes às da malva, de cor esbranquiçada e purpúras. Quando as flores caem, ficam os frutos oblongos, pontiagudos, cheios de sementes redondas; a raiz é composta de muitas fibras brancas e é cheia de suco viscoso, semelhante ao da malva. No estado maduro, os frutos são como cápsulas pediculadas, cilíndricas embaixo, compridas e de duas até quatro polegadas. Cor verde cinzenta, tendo no cume uma espécie de bico.

     Análise Química. A geleia, obtida de seus frutos, possui propriedades nutritivas. Abunda o princípio mucilaginoso, açucarado nos mesmos. Virey assevera que as sementes torradas substituem o café perfeitamente, sem ter o inconveniente de excitar o sistema nervoso.

     Propriedades. O Quingombó é vulgarmente conhecido e estimado no Brasil, do mesmo modo que em várias partes da Ásia e da África. Os frutos mucilaginosos ainda verdes são empregados para sazonar a maior porção das comidas e particularmente os carurus. As propriedades sanitárias do Quingombó justificam a predileção que os brasileiros têm por esta planta. São os mais suaves alimentos para os convalescentes e fazem parte do regime vegetal dos tísicos, como também dos que sofrem moléstias de pele. No Egito, dizem que o  Quingombó preserva dos cálculos, pois a planta, tomada em decocto, é emoliente e diurética própria para abrandar as dores. No Brasil como no Oriente, o uso da planta é vulgar para debelar as irritações do peito e emprega-se como o melhor antiflogístico nas flegmasias internas e externas. Os clisteres feitos com o cozimento de Quingombó são de grande proveito no período de irritação da disenteria e nos casos de ataques hemorroidais. O médico Poupée Desportes receitava um xarope peitoral feito com o Quingombó e sustentava os enfermos ao sair de febres paludosas com um alimento composto de alface, gema de ovo, chicória branca e Quingombó misturados e fervidos com leite. No Brasil, costuma-se empregar os frutos em cozimento para clisteres e cataplasmas. Nas Antilhas, utiliza-se o Quingombó para clarificar o suco espremido da cana de açúcar. Conservam-se os frutos do Quingombó cortando-os em talhadas circulares e fazendo-os secar. É assim que são enviados do Oriente para países do Norte. O Quingombó, ou  Hibiscus esculentos, forma a base do preconizado remédio peitoral, cujo inventor é o Sr. Delangrenier de Paris. É conhecido pelo nome vulgar de Nafé da Arábia. Os Srs. Barruel e Coltereau publicaram a análise deste remédio hoje geralmente aceito para o curativo dos defluxos e irritações de peito, sobretudo nas afecções catarrais das crianças, nas flegmasias pouco intensas dos brônquios e da garganta. A pasta e o xarope de Nafé compõem-se: 1º) de duas espécies de mucilagem, uma semelhante à goma, outra de natureza particular por que precipita pelo ácido tármico; 2º) açúcar; 3º) princípio aromático com cheiro de baunilha; 4º matéria colorante vermelha. Não contém nem ópio, nem outras substâncias ativas. Preparam-se ambos com os frutos secos (Jornal da Sociedade Pharmaceutica de Lisboa, 1851).

 

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