Potomoju

Robinia brasiliense Balthazar da Silva Lisboa, Acácia putumuju, Arariba P. Max. Neuwied, Família das leguminosas

Potomoju

     História Natural. Segundo a descrição do conselheiro Balthazar da Silva Lisboa, “o Potomoju é uma das mais lindas e importantes árvores dos bosques, pela sua duração ao tempo. O seu comprimento chega de cento e cinquenta palmos até vinte e cinco de circunferência; a sua casca é de um vermelho pardo; as raízes grossas, laterais, horizontais, com gomos avermelhados, o âmago amarelo gemado, alguns transpassados de veias pardas e pretas, ondeadas acetinadamente; contém nos seus tubos um bico vermelho à semelhança de sangue animal que, ao contato do ar, se endurece e toma uma forma resinosa encarnada como lacre e que faz  iguais efeitos, exalando um cheiro aromático agradável; coroa-se de copiosos ramos compostos de seis folhas alternas, inteiras, ovais, terminadas em ponta verde escura, lustrosas pela frente e mais claras pela parte posterior, guarnecidas de um pedicelo curto. Floresce em agosto e setembro, nascendo as flores em grandes espigas no lado oposto dos ramos que têm as folhas e são amarelas cor de ouro, guarnecidas de um cálice verde claro, monofilo, cortado no seu limbo, em cinco partes. A corola é composta de cinco pétalos, dos quais o superior é maior, chanfrado, com laivos de lacre em pingo. Envolvidos  debaixo dela estudo de botão, os dois pétalos das ilhargas são maiores que os últimos dois da frente e, quando se abre o botão, estão aqueles pegados na parte superior, percebendo-se claramente serem dois, tendo cada um a sua unha, pegada ao cálice. Contém dez estames reunidos em uma vagina pardo-claro, cobertos de anteras cor de ouro, ovais, com duas bolsas; o ovário é de figura cordal, montado de um pistilo verde-gaio, terminado por um estigma agudo, do qual se desenvolve o fruto, que é uma cápsula cordal, finalizada por uma longa palma ou folha membranácea, com a qual se cobre quando está ainda verde pela frente, figurando um peixe sem cabeça com sua espada na cauda, com nervura média, representando a espinha dorsal, com uma grande volta do meio para a cabeça com uma cobertura na juntura média, que cobre uma amêndoa sem sabor, branca, coberta de uma película parda em forma de um olho”.

    Análise Química. O Potomoju dá, como o Robinia panacoco, um suco resinoso que corre do talo, o qual tem alguma analogia com o cachondé. A madeira é dura e a sua casca é de sabor amargo. Encontram-se tanino, goma, cal e alumina e uma substância pouco solúvel porém ainda desconhecida. Como todas as leguminosas, a planta encerra um princípio purgativo.

   Propriedades. Emprega-se a madeira para altos e cobertos de navios. Desta árvore aberta e falquejada, se extraem os pranchões e faleas para os cintados e obras de navios e ornato das casas; é indestrutível, resiste ao tempo, aos raios do sol e se assemelha na duração ao Teke da Ásia. Algumas são lindamente acetinadas, com variadas fitas de muitas cores, que se buscam para obras de marchetaria e molduras (Balthazar da Silva Lisboa). O Potomoju, diz Gabriel Soares de Souza, é uma árvore real e não se dá senão em terras muito boas. Ela é das mais resistentes madeiras que há no Brasil, porque nunca se corrompe, da qual se fazem eixos, vigas, vasos, esteios para os engenhos e todas as obras de casas e de primor. A cor dessa madeira é amarela com veios vermelhos, passada e dura, mas muito doce de lavrar (Roteiro do Brasil, cap.66).

 

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