História Natural. Reina certa confusão acerca das especies ou variedades de Capsicum que são chamados Pimentas da terra, pois o nome cabe de direito as plantas indigenas do mesmo gênero que foram encontradas nas diversas provincias do Império. Frei Vellozo aponta primeiro o Capsicum silvestre, de caule fructicioso, de baga sub redonda, folhas lanceoladas, perianto multi dentado, baga doce, o qual floresce em setembro e outubro nas matas da provincia do Rio de Janeiro (Flora Fluminense, p.60). Pimentas da terra são com igual direito as espécies de Capsicum descritas na Monografia de Martius tais como o Capsicum flexuosum que Sellow encontrou no sul; o Capsicum schottianum observado na serra de Estrela; o Capsicum campylopodium colhido por Scholt na mesma; o Capsicum mirabile grandiflorum de Martius das matas de Rio de Janeiro e de São Paulo que também se observa em Minas e que floresce em dezembro; o Capsicum villosum da provincia de Minas e Goias; a Capsicum panviflorum da Bahia; todas elas merecem a parto o título e apelido de pimentas da terra, apesar de oferecerem algumas características botânicas bastante variadas. A mesma abundancia de pimentas da terra assinala Gabriel Soares na sua descrição da Bahia “quantas castas de pimenta há. Estas pimenteiras fazem árvores de quatro e de cinco palmos de altura e duram muitos anos sem secar. Há pimentas que chamam cuihem que são do tamanho de uma cereja; há outra, a que pela língua dos negros se chama cuihamoçu, esta é grande e comprida: há outra casta que chamam cuiepiá que tem bico, feição e tamanho de gravanços, come-se verde e crua; há outra casta que chama-se sabão que é comprida e delgada; outra chamada cuihejurimu e etc” (Roteiro do Brasil, p.177). Todas essas variedades referem-se assim como o Capsicum umbilicatum de Frei Vellozo, o Capsicum longum de De Candolle a espécie principal, o Capsicum Annuum de Linneo (ver Pimenta Grande).
Propriedades. Martius resume na sua matéria médica, p.183, trad. do Dr. H. N. de Oliveira, as virtudes das pimentas da terra: os frutos possuem uma resina balsâmica acre sui generis, com um extrativo amargo aromatico, de sabor ardente, outro gomoso, uma substância albuminosa, mucilagem, cera, citrato, fosfato e muriato de potassa. Frequentemente usados contra a constipação do ventre, anorexia (fastio), dispepsia (indigestão), atonia da língua, da gargata, angina gangrenosa e gota severa. Externamente servem para cáusticos.