Pessegueiro

Persica vulgaris Miller, Amygdalus persica Linneo, Persica laevis De Candole, Persica nucipersica C. Bauhim, Família das amygdaleas

Pessegueiro

     História Natural. Originários da Ásia temperada, da Pérsia, os pessegueiros foram desde mais de dez a nove séculos propagados pelos outros continentes. As duas espécies radicais, Persica vulgaris e Persica laevis, deram pela cultura uma infinita variedade a ponto de se criarem quarenta e duas espécies diversas, segundo a Encyclopedia Methodica e, desde a publicação desta importante obra em 1789, o algarismo eleva-se a mais de setenta, de acordo com o tamanho, a cor, a forma e o sabor da fruta, desde a espécie Pavia monstro até a espécie anã. Nas regiões temperadas das províncias de Minas, São Paulo e do Rio Grande do Sul, os pessegueiros nascem quase espontaneamente em grande abundância. Na província de Santa Catarina, as árvores dão-se bem, crescem bastante, mas não engrossam; nas outras partes do Império, a cultura vence as contrariedades do solo e da temperatura. 1°) A Amygadalus persica ou Persica vulgaris Linneo é arvore mediana segundo a natureza do solo, a temperatura e a exposição ao sol. Lenho duro, casca de uma cor parda esbranquiçada no tronco, verde nos ramos e algumas vezes um pouco avermelhada. Folhas alternas, longas, lanceoladas, de ponta aguda, com margens denteadas, verdes, glabras; pecíolo curto; são acompanhadas na base de duas estípulas lineares e caducas. Flores vermelhas, rentes, solitárias, aparecendo antes das folhas na ocasião da primavera. Frutas redondas, do tamanho de uma maçã mais ou menos, carnudas, esculentas, chamadas pêssegos. Caroço lenhoso, duro, com rachaduras e profundos sulcos. 2º) A Persica laevis tem as folhas lanceoladas, simplesmente denteadas; a drupa é glabra. Tais são as duas espécies genuínas de onde provêm as infinitas variedades repartidas em quatro classes distintas pelo insigne Poiteau. As espécies Molar, Miralho, Calvo, Brancos, Gilmeadas, Venegianos, Maracotão são especialmente cultivadas no Brasil.

     Análise Química. Os pêssegos são compostos de matéria animal, de matéria colorante verde, lenho, goma, açúcar, ácido málico, cal e água. Os caroços fornecem ampla porção de ácido hidrociânico.

     Propriedades. Os frutos secos ou em caldas são objeto de exportação e comércio das províncias para as capitais.  A infusão das flores frescas obra sobre as membranas digestivas como vivo laxante. A mesma infusão das folhas não provoca dejeções alvinas com a mesma frequência. O xarope das flores purga na dose de uma onça a duas, segundo a idade das crianças. Galeno, grande partidário dos remédios caseiros, abonava as folhas do pessegueiro pisadas e aplicadas sobre o umbigo como um valioso vermífugo. Os pêssegos são frutas excelentes quando são bem maduras; verdes causam cruéis desarranjos das vias gástricas; o hábito de os temperar com açúcar e vinho, mitiga sobretudo o receio da indigestão. A goma que destila o tronco do pessegueiro tem alguma analogia com a da goma arábica, e emprega-se para vários objetos artísticos. Dos caroços, prepara-se um  licor fino de sabor muito agradável, que conserva ligeiro aroma ácido prustico. O cozimento das folhas secas reputa-se excelente calmante das vias urinárias; administra-se na dose de uma onça em libra e meia de água. Os que sustentam que o azeite dos caroços cura a enxaqueca, fazem uma asserção falsa. A madeira do pessegueiro é boa para obras de marchetaria: os gomos fornecem um óleo volátil que cheira a ácido hidraciânico. Relativamente à madeira, ela dá tabuado, linhas postadas, caibros, mas somente para o interior das casas e ao abrigo da umidade. 

 

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