Pau seringa

Seringueira, Xeringueira, Siphonia elastica Persoon, Jatropha elastica Linneo Filho, Hevea gujanensis Aublet, Siphonia cahuchu Richard, Família das euphorbiaceas

Pau seringa

      Caracteres Botânicos. O gênero Siphonia, criado por Richard, caracteriza-se por flores monoicas, cálice quinquepartido, desapegando-se depois da florescência por uma fenda, circula perto de sua base; sem corola; flores masculinas; filetes pegados sobre uma coluna livre de cima, a qual se pode considerar como um rudimento de pistilo, levando nesta parte superior um ou dois verticilos de cinco anteras adneas. Flores fêmeas, três estigmas, sésseis, ligeiramente bilobados, ovário marcado de seis costelas e cavado com três septos, contendo cada um deles óvulo único, fruto capsular bastante desenvolvido, coberto de uma casca fibrosa, separando-se em três cocas bivalvas.

     História Natural. Pau Seringa ou Seringueira, como o chamam nas províncias do Pará e do Rio Negro, conta duas espécies que dão uma resina elástica chamada no país tapicho ou caucho. Ambas as espécies são árvores frondosas, de folhas pecioladas compostas de três folíolos muito inteiros, glabros e venosos; as flores são pequenas, formam cachos paniculados axilares e terminais; uma única flor fêmea acaba cada um dos cachos, cujo resto está cheio de flores masculinas. Um é o Siphonia elastica de Persoon ou Hevea gujanensis; o outro é o Siphonia rhytidocarpa de Martius. As seringueiras crescem nos lugares úmidos das províncias do Norte. A seiva leitosa corre da incisão feita no tronco sob formas que os industriais variam, segundo os seus caprichos; produzem em várzeas nas quais as sementes devem ser plantadas, pois em terrenos secos faltam e morrem a maior parte. O modo para nascerem em menos de oito dias é depositar as sementes em uma porção de água estagnada até que elas grelem nessa água e, depois de greladas, dispô-las em lugares onde devem ficar, conservando-as sempre livres de apanharem sol até que cresçam. Então podem-se plantar debaixo de árvores que as cobrem com a sua sombra. Abundam os Paus seringas em todos os distritos da província do Pará, mas especialmente nas ilhas de Foz e entradas do Amazonas. As árvores são altas, copadas, de folhas miúdas, lanceoladas, canas lisas de cor verde, assemelhando-se muito pelas flores com os Crótons e pelos frutos com os Rícinos. Ás arvores se elevam de quarenta a sessenta pés de altura, conservando um tronco de dois pés de diâmetro; a madeira é branca, a casca espessa, parda ou avermelhada; o fruto abre-se em duas válvulas; as sementes são redondas com episperma liso, arruivado ou com manchas pretas. A amêndoa é branca, oleosa, de gosto agradável e pode-se comê-la sem receio. O Pau Seringa fornece a borracha ou goma elástica em muito maior abundância do que fazem outros vegetais venenosos ou não, de várias famílias, tais como certas apocináceas, lactáceas, papaveráceas e figueiras da mesma família das euforbiáceas. O Euphorbia punica fornece também parte abundante de goma elástica. Na Índia, segundo a memória do Dr. inglês Ure, encontram-se várias árvores que fornecem a mesma (ver Borracha ou Goma elástica). Mr. Humboldt enumera os que em ambos os hemisférios dão o mesmo produto leitoso. No Brasil, Mr. Bonpland, em uma carta dirigida ao conselheiro Dr. Jobin, datada de Porto Alegre, agosto 5 de 1849, diz que descobriu uma árvore alta que fornece muita goma elástica em um distrito das Missões, perto do Paraguai.

     Análise Química. O suco do Pau Seringa constitui um leite branco que se torna amarelo pelo contato do ar e logo escurece. Seu cheiro e sabor são nulos. A borracha é de cor escura, meio transparente quando se reduz em lâminas. Derrete-se ao fogo, incha-se consideravelmente e queima deitando uma luz branca e uma fumaça espessa. É insolúvel dentro da água fria, mas amolece na água fervente; é insolúvel no álcool, porém dissolve-se no éter puro, no sulfureto de carbono, no nafte e nos óleos voláteis. O ácido sulfúrico o tisna superficialmente; o ácido nítrico o dissolve, desenvolvendo azoto, ácido carbônico, ácido cianídrico e formando ácido oxálico. O ácido orlorídrico, o ácido sulfuroso, o cloro e o amoníaco não têm ação sobre a goma elástica. (Guibourt, ver artigo borracha).

     Propriedades. A história da goma elástica, considerada sob o ponto de vista da indústria e das artes, vem por extenso no artigo ‘Borracha’. Trata-se das propriedades medicinais do suco leitoso que corre do Pau Seringa, o qual misturado com óleo de rícino serve para expelir os vermes e é conhecido dos índios como um bom antiverminoso. Os mesmos costumam, nos casos de deslocamentos, manter as partes em seu lugar pondo em cima camadas de suco leitoso e algodão. Os índios cambebas foram os primeiros que souberam fabricar a resina de seringueira, esta árvore querida da várzea.

 

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