Pau-de-sabão

Savonete, Saboeiro, Sapindus saponaria Vellozo, Quiti Pison, Sapindus saponaria Linneo, Nux americana, Família das sapindaceas

Pau-de-sabão

    Caracteres Botânicos. O gênero sapindus caracteriza-se pelo cálice de cinco folíolos, de cinco pétalas alternas iguais entre si, tendo um apêndice de forma variável, disco carnudo cuja margem dentada estende-se entre os pétalos e os estames; tem de oito a dez estames presos sobre o disco com anteras que se abrem em sentido longitudinal; estilete inteiro acabando pelo estigma; ovário de dois septos contendo óvulo único; fruto carnudo, muitas vezes reduzido por aborto a um lóbulo único redondo, levando em seu lado os vestígios dos lóbulos abortados e contendo sob sua parte carnuda um caroço unilocular e monosperma; o tegumento exterior é membranoso; o embrião é ligeiramente curvado sobre si ou direito.

   História Natural. O Pau-de-sabão encontra-se nas várias partes do Brasil. É árvore alta cujo tronco se divide logo ao sair do solo em muitos ramos grossos e em raminhos de casca cor parda cinzenta semeada de pequenas manchas ovadas esbranquiçadas. A madeira é branca gomosa de cheiro e sabor que se aproximam da resina copal. As folhas são alternas, muito amplas sem ímpar, compostas de quatro pares de folíolos lanceolados, desiguais, compridas de três a quatro polegadas e mais, de cor verde claro, glabras em cima e um pouco pubescentes por baixo, inteiras, acuminadas, todas atravessadas por uma costela amarela com nervuras finas, laterais e com veias reticuladas; os pecíolos são guarnecidos de uma asa da mesma substância que as folhas nervosas, a qual é mais ou menos larga. As flores são dispostas em cachos terminais; a corola é pequena; os frutos têm o tamanho de cerejas e glóbulos de cor ruiva amarelada, luzentes, de sabor doce e adstringente, encerram uma polpa gomosa, amarelada muito amarga, aderente ao caroço, negro e redondo, o qual contém uma amêndoa de gosto e sabor de uma avelã. O licor viscoso que deitam os frutos faz-lhes dar o nome de Cerejas gomosas (Encycl.).

    Análise Química. O sulfato de ferro tinge de preto o decocto das folhas e hastes; o da raiz não experimenta mudança e comunica um sabor doce misturado de amargo ao cozimento. A espuma de sabão que as folhas esfregadas com água deitam não se altera pela ação dos ácidos. Esta espuma contém bastante ácido gálico e mucilagem, a qual obtém-se igualmente dos frutos e das folhas. A raiz encerra porção de tanino. O Pau-de-sabão fornece grande porção de saponina, princípio que não contém álcali como o sabão e que não altera a cor dos tecidos.

   Propriedades. Uma espuma sai de todas as partes do Pau–de-sabão quando submetidas ao ato da trituração dentro da água. Muitas vezes, as lavadeiras substituem o sabão fabricado pelas frutas e folhas da dita árvore. A água quente melhor desenvolve a mucilagem que serve para limpar a roupa e a tornar bem branca. Fazem da madeira bengalas e palitos; com os caroços dos frutos, costumam-se arranjar colares, rosários e outros objetos industriais. Em medicina, reputa-se o suco mucilaginoso do Pau-de-sabão excelente remédio contra as hemorragias uterinas quer internamente, quer por fora em injeções. Tem-se reputado também antifebril em razão do tanino que a planta contém. O médico de Santo Domingo receitava o Pau-de-sabão em cozimento para curar a amenorreia e as flores brancas para a blenorregia (Poupée-Desportes). O cozimento é empregado para as moléstias dos rins, nos casos de nefrites calculares, nas cistites crônicas e quando existe ulceração no canal da uretra. Basta meia onça da planta para uma libra de água, quando se queira obter o cozimento. As amêndoas dão um óleo que é bom para comer e para queimar. Mr. Cambessèdes descreveu na Flora do Brasil Meridional, t1, p.329, outra espécie de Pau de sabão que se chama Sapindus esculentus. Comem-se as frutas no Brasil, as quais se encontram na maior parte das caatingas da província de Minas Gerais e são de alguma estimação.

 

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