Bignonia leucoxylon Linneo, Quaraiba Pison, Guira Paraiba Marcgrave, Urupariba, Bignonia chrysantha Martius, Família das bignoniaceas
História Natural. Diz o Balthazar da Silva Lisboa, t.1, p.209: “são conhecidas duas variedades: uma chamada Pau de arco preto, e outra de amarelo. São árvores de altíssima grandeza que crescem de cem a mais palmos com seis a vinte e quatro de circunferência; as do Pau d´arco preto têm raízes grossas e laterais, angulosas, algumas perpendiculares; o seu âmago é pardo escuro, vincado e brocado. Ferido o entrecasco, derrama um licor branco e cheiroso. O tronco é direito e frondoso, a casca cinzenta tirando para pardo com vários pontos brancos; cada ramo contém folhas alternas e digitadas, compostas de cinco folíolos arranjados na extremidade de um largo pedículo em forma de mão aberta, tendo a cada folíolo seu pedículo; as folhas são ovais, na ponta acuminadas e tortuosas, com um ponto no meio, de onde começam os pedículos das folhas com uma nervura amarela pelo meio, além de muitas veias oblíquas de que são compostos; acaba em ímpar que vem ao galho com grande pedículo; são verdes claras e luzentes, na parte de cima membranáceas ao tato; as flores nascem em grandes cachos de carmim claro, de um dedo polegar de circunferência, cuja corola irregular é monopétala, carmim, em cinco pétalos, cortadas com cinco estames abaixo do talo, dos quais dois são maiores e dois mais curtos, e o quinto menor e sem antera; os quatro são encurvados com duas bolsas separadas em cima do estame. O pistilo é um ovário oblongo, por cima dele fica o estilo mais comprido que os estames, terminando por um estigma obtuso; o cálice avermelhado é monofilo, dividido no seu limbo em cinco partes, pegado a um pedículo verde. O ovário é uma cápsula coriácea, longa, com sementes nuas; floresce em dezembro comumente.” “O Pau d´arco amarelo difere do preto por ter as folhas maiores, assim como pela cor das flores; a sua corola é um longo tubo que ao sair do cálice se curva, incha-se e abre insensivelmente indo até o seu orifício, onde se reparte em cinco lobos desiguais, quase redondos, sendo o superior maior, situado sobre o disco, que contém o ovário na parte interior raiada de laivos carmesim; o cálice é verde cinzento, dividido em cinco lacínias; contém quatro estames, dois maiores e dois menores, brancos, bem como as suas anteras, com duas bolsas encurvadas e cobertas de um pelinho branco arranjado na parede interior da corola. O pistilo é um ovário oblongo, montado de um longo estilo terminado por um estigma com duas lâminas. O ovário é uma cápsula seca, coriácea, comprimida por duas valvas, com sementes nuas dispostas umas sobre as outras; floresce em outubro antes de se vestir de folhas novas, nascendo a flor no meio, onde os pedículos das folhas se encruzam.” Existem ainda duas outras espécies de Pau d´arco, um chamado de moda que é mais esbranquecido, outro chamado mijão, que tem as mesmas dimensões.
Análise Química. Extrai-se da casca um princípio amargoso; a mesma fornece boa porção de tanino. O princípio amargoso cristaliza em agulhas de um branco amarelado. Não existe análise do suco ou líquido que corre das feridas praticadas na árvore, o qual parece de natureza resinosa.
Propriedades. Alguns referem ao cozimento das flores e da raiz certas virtudes medicinais e asseveram que, com o mesmo, curam-se as mordeduras de cobras, o que é bastante duvidoso. O emprego do Pau d´arco é quase todo para a indústria e as artes. Faz-se uso da madeira para gios e outras obras de construção, além das cavilhas. Nos engenhos de açúcar, os Paus d´arco são procurados para os cilindros vulgarmente chamados mocudos. São empregados também nas obras de varais de seges, vigotas e obras de casas. Diz o Foster, na sua Viagem a Pernambuco, p.157, t.2, “que o Pau d´arco tiram-se em folhas delgadas que se dobram sem rebentar, e que é madeira que conserva a propriedade de ficar abrasada muito tempo, sem precisar ser ateada. Os camponeses da província antigamente iluminavam os engenhos com archotes feitos de Pau d´arco. No interior,ainda se conserva o mesmo uso”. O nome de Ubiraparabi ou Pau d´arco foi dado porque os índios fazem os seus arcos com a madeira que é muito dura de lavrar e de cortar e não se corrompe.