Orelha de onça

Cissampelos ovalifolia de Candolle, Cissampelos ebracteata A. St'Hilaire, Família das menispermeas

Orelha de onça

    História Natural. Plantas dioicas, flores machas com cálice profundo de 4 divisões ovadas obtusas e lanceoladas. Corola hipógina monopétala, cupuliforme, quatro lóbulos, rara vezes quatro pétalas, flores fêmeas, cálice de um folíolo único, pétalo único, hipógino, ovário excêntrico, óvulo parietal, estilete trígono, três estigmas, drupa pequena muito obtusa, caroço comprido, semente cilíndrica, segmento membranoso, perisperma carnudo, suculento, pouco abundante. Embrião colocado dentro do perisperma e conforme a semente. (St'Hillaire). Aplica-se o nome vulgar de orelha de onça a duas plantas, ao Cissampelos ovalifolia que conta com três variedades distintas e ao Cissampelos ebracteata que representa um arbusto pequeno. As três variedades distintas da Cissampelos ovalifolia  são: o Cissampelos cinereo-viridis, de cor verde cinzento, planta arbusto, alto de 2 pés, hastes solitárias bastante numerosas, direitos tetragonos e felpudos; o Cissampelos rufescens de cor ruiva, hastes ruivas, folhas da mesma cor, menos felpudas debaixo, drupa pouco carnuda, obovoidea,  muito obtusa pubescente, caroço tuberculoso, semente cilíndrica, curvada, tendo a forma de um ferro de cavalo, amarrado no meio da curvatura ao alto do repartimento; o Cissampelos cinerescens de cor cinza, folhas mais compridas, corimbos de flores machas pedunculadas, nascendo duas a quatro nas axilas das folhas e sendo mais curtas, flores pequenas, cálice dividido em 4, corola monopétala e hipógina. Androfora elevando-se do centro da corola. (St'Hillaire). O Cissampelos ebracteata, arbusto cuja haste eleva-se a 2 pés de altura, direito, singelo, tetrágono e felpudo, folhas alternas sem estípulas  orbiculares e rhomboidais, flores juntas em feixes sem brácteas, pediceladas, nascendo em ramos de 5 nas axilas das folhas superiores. Cálice formado de folíolo único. Pétalo único hipógino, estilete de 3 dentes, ovário excêntrico sobre o receptáculo da flor, muito felpudo na sua superfície e unilocular. Todos estes cissampelos se encontram nas províncias de Minas Gerais, de Goiás, do Pará, nas partes vizinhas de Paracatu. A. St´Hillaire tem encontrado o Cissampelos ovalifolia, que se chama vulgarmente de Orelha de onça, por semelhança das folhas da planta com as orelhas daquele quadrúpede. O Cissampelos ebrateata foi encontrado abundantemente nos pastos vizinhos da cidade de S. João del Rei onde floresce nos meses de janeiro e fevereiro.

    Análise Química. Estas plantas encerram como os outros cissampelos um princípio ativo chamado pelo Wigger de cissampelina, o qual se obtém fazendo ferver a raiz em água misturada com ácido sulfúrico. Trata-se a diluição pelo carvão animal. O carbonato do sódio constitui um precipitado de cor amarela suja, o qual seco e reduzido em pós e tratado repetidas vezes pelo éter, dá uma solução quase sem cor de onde se extrai a cissampelina, destilando com éter. (ver Journal de pharmacie, t.25, p.13).

    Propriedades. Sendo as raízes muito amargas, tem-se tirado proveito delas em cozimento para debelar as febres intermitentes em várias partes de Minas e Goiás. As raízes, sendo amargas e bastante acres ao sabor das igualmente reputadas diaforéticas e diuréticas da espécie Cissampelos ebracteata, goza em Minas de certo crédito como antídoto de mordeduras de cobras. Porém, como se costuma misturar a planta com aguardente faz-se assim preparada para uso interno e externo em qualquer caso de mordedura. Custa bastante avaliar o merecimento terapêutico desta planta para a cura do veneno dos répteis. Mais acertada é sua propriedade diaforética e antifebril.

 

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