Nhandiroba

Andiroba, Fava de Santo Ignácio, Feuillea trilobata Linneo, Feuillea cordifolia Vellozo, Família das nhandirobeas.

Nhandiroba

     História Natural. O nome da Fava de Santo Ignácio aplica-se no Brasil a várias espécies de nhandirobeas e serve para designar a Feuillea trilobata especialmente, apesar de chamar-se Guapeva em  São Paulo e Minas, do mesmo modo que se concede igualmente em Minas ao Jabotá. Todos esses apelidos são impróprios, porque o nome de Fava de Santo Ignácio pertence de direito ao Strychnos ignatia, Ignatia amara Linneo da família das apocyneas, e não as Feuillea e muito menos as amêndoas do Anacardium officinarum de Gaertner, ou ao Phalloë, gênero da famíla da rubiaceas. No Brasil, existem vários strychnos toxiferos nas províncias do Pará e do Amazonas, todavia não consta haver sido encontrada a árvore da Ignatia amara Linneo. A. St'Hilaire criou a nova família da nhandirobeas que se acha muito aproximada das cucurbitáceas e das passifloras pelo porte, pelos talos trepadeiros, pela presença dos elos e pelas flores femininas e masculinas. O tipo da nova família é o gênero Feuillea, dedicado ao célebre padre jesuíta Feuillée, a quem a história natural deve importantes aquisições científicas, alcançadas nas suas viagens ao Chile e Peru. Marcgrave primeiro e padre Plumier depois haviam observado a planta brasileira, que se chama desde o princípio Andiroba ou Nhandiroba. No segundo descrito por Jussieu, encontram-se as três espécies que produzem a semente conhecida entre nós por Nhandiroba ou Fava de Santo Ignácio. Eis a descrição de Jussieu: “Flores dioicas, cálice campanulado, cujo limbo tem cinco divisões, corola monopétala, rotaçada, de cinco lobos convexos e reflexos. Nas flores masculinas, observa-se uma pequena estrela dupla, formada talvez pelos três estiletes persistentes de um ovário abortado, que fecha a entrada da corola, dez estames e filetes distintos, cinco levando anteras didymas e férteis, e cinco estéreis alternadas com as primeiras. Nas flores fêmeas, uma pequena estrela composta de cinco lâminas codiformes ou estames abortados acha-se colocada no ovário; ovário semi-ínfero que acaba em cinco estilos e outras tantas de estigmas. Baga esférica, grande, cucurbitácea, coberta de uma casca dura, marcada circularmente pelo resto do tubo calicinal, trilocular, contendo grande porção de sementes orbiculares, achatadas. Embrião privado de perisperma.

     Análise Química. A análise das amêndoas tem fornecido óleo fixo, mucoso, matéria lenhosa, parenquimatosa, fécula amilácea, extrativo e resina ou matéria sebácea.

   Propriedades. A verdadeira Nhandiroba pertence à espécie chamada Feuillea marcgravii; a fruta é ovoida, triangular, trilocular e contém quatro sementes; a amêndoa brasileira é mais espessa e maior do que suas congêneres das Antilhas e tem um episperma mais delgado. A amêndoa é amarelada, oleosa, de forte sabor amargo, serve para se tirar azeite usado para alumiar as casas; a amêndoa é brandamente laxativa, pois comem-se quatro para provocar evacuações. As experiências feitas na Santa Casa de Misericórdia pelos Drs. Jobim e Justiniano não deixam dúvida a tal respeito. Não parece bem acertada a opinião dos que as reputam vomitivas e de seguro efeito contra as mordeduras de cobras. Mais valiosas são as experiências do Sr. Drapiez de Bruxelas que provam  que a amêndoa é contraveneno da Mandioca, do Mapoam, da Cicuta, do Rhus toxicodeudron e da Noz vômica. Administra-se nestes casos o contraveneno do seguinte modo: uma ou duas doses de uma emulsão feita de amêndoa de Nhandiroba; ao mesmo tempo, aplicam-se as amêndoas frescas contusas sobre a parte mordida ou qualquer ferida contaminada pelo veneno.

 

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