Mureci

Malpighia crassifolia Linneo, Mureci-guaçu Pison, Mureci-petinga Pison, Byrsonima verbascifolia Linneo, Byrsonima chrysophylla Kunth, Família das malpighiaceas

Mureci

    História Natural. Duas espécies são designadas na matéria médica de Martius, porém Pison refere haver quatro espécies desta planta cujas bagas análogas às do Berbéris são muito agradáveis ao paladar e um pouco adstringentes. Pertencem as várias espécies de Mureci ao gênero Byrsonima, criado pelo Richard pai, com oito espécies às quais o Kunth adicionou outras nove. A espécie designada pelo nome de Malpighia crassifolia  Linneo e que Barrière na sua História da França Equinocial chama Malpighia latifólia cortice sanguineo etc., e que o Pison chama Mureci-guaçu é arbusto de seis a dez pés de altura, tronco com casca  arruivada, enrugada e gretada. A madeira é vermelha, as folhas são opostas, ovadas, obtusas, redondas e largas em cima, espessas, inteiras, cobertas de pelos, os quais são agudos e carregados em cima de um coton curto e arruivado. O pecíolo é curto, acompanhado de duas longas estípulas, felpudas e agudas, convexo por baixo, achatado por cima. As flores nascem em longas espigas nas extremidades dos ramos; são solitárias ou há duas ou três juntas, cada uma sobre um pedúnculo particular que traz quando nasce duas pequenas escamas felpudas. O cálice é igualmente felpudo, quinquepartido, com dez glândulas. A corola é cor de enxofre tendo pétalos côncavos e dentados. Os estames são curtos, felpudos, juntos na base e acabando com anteras prolongadas. O fruto é uma baga verde que tem três caroços angulosos contendo cada um uma amêndoa (Encycl. Meth.). O Muricy, Murisi, ou Mureci-guaçu tem a flor em cachos amarelada tornando-se encarnada, a fruta é miúda. A outra espécie chamada vulgarmente Muricy bravo tem flor diferente, a qual é branca, e as folhas são muito menores e envernizadas na face superior. Os Muricis nascem nos terrenos arenosos de Pernambuco, na Bahia e no sul do Brasil.

   Análise Química. O tanino abunda na casca e constitui a virtude adstringente do arbusto. As frutas encerram ácido málico, mucilagem e partes gomosas e sacaríferas.

   Propriedades. Os muricis, diz Riedel, fornecem madeiras de construção, dão lindíssimas flores e frutos comestíveis. Muitas espécies da família das malpighiaceas merecem ser cultivadas pela beleza e esplendor das suas flores. As bagas são um pouco adstringentes; também assegura o Pison que podem ser empregadas para mitigar a sede, limpar o estômago, combater a podridão e que os indígenas as empregam como purgantes. “A casca”, diz Vicente Gomes da Silva, “é um poderoso adstringente, porém não sei se tiraram algum partido das vantagens que ela promete. Os pescadores tingem com esta casca as suas redes para fazê-las duráveis, resistindo assim por maior tempo o fio à ação da água salgada, e mesmo à do ar. Os frutos são também adstringentes, com os quais costumam-se preparar doces e são assim assaz agradáveis”. No período de prostração da febre amarela, costuma-se nas Antilhas administrar o cozimento da casca com a do limoeiro para combater a aniquilação das forças.

 

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