Mucuná

Dolichos urens Linneo, Phaseolus brasiliensis frutescens Sloane, Rizolobuim urens Richard, Família das leguminosas

Mucuná

    História Natural. Marcgrave deu o nome de Mucuná a esta espécie de feijão que os franceses chamam de Olho de burro. O mesmo apelido Mucuná tem sido conservado por  Vicente Gomes da Silva. Os caracteres particulares são: talo volúvel comprido sarmentoso e trepadeiro, folhas compostas de três folíolos ovados, redondos na base, acuminados na ponta; são elas guarnecidas por baixo de um coton luzente prateado pouco aparente e em cima são glabras. As flores saem em cachos prolongados pendentes e ligados por pedúnculos bastante compridos. Elas são amarelas com manchas purpúras, tendo um cálice ferruginoso. Sucedem-lhes vagens de sete polegadas, rugosas transversalmente, de exterior irregular, armadas de pelos tensos, picantes que provocam comichão urente quando eles penetram na pele. As vagens encerram três ou quatro sementes grossas, redondas ou orbiculares, um pouco achatadas, de cor vermelha escura, orladas nos dois terços de sua circunferência de um círculo denegrido que é o seu umbigo.

   Análise Química. Os feijões Mucuná ou amêndoas encerram uma matéria gordurenta, butirosa composta, segundo Bonastre de Elarina, de estearina com sabor de feijão; uma resina acre e amarga, uma matéria colorante amarela, porção grande de goma, amido e bassorina.

    Propriedades. O célebre Bergio já tinha observado na sua matéria médica que era o Dolichos urens a quem pertencia a virtude de matar os vermes. Acreditamos que semelhante virtude melhor se refere ao Dolichos pruriens (ver Pós de mico). O fruto dá uma fécula assim como a raiz a qual é esculenta. Serviu a mesma fécula de grande socorro nos anos de fome em Pernambuco, segundo o que refere o Dr. Arruda da Câmara no Palladio Portuguez, do  mês de maio do ano de 1796. O modo eficaz de operar sobre os vermes, administrando os pelos das vagens internamente, não provém de serem eles picantes e de matar os vermes pelas picadas repetidas, mas pela mistura do tanino com uma resina amarga. As virtudes do Mucuná para o alívio das hemorróidas, para a cura da pedra ou cálculo de bexiga, e da nefrite são completamente ilusórias. As sementes não encerram nada de nocivo, pois são procuradas e comidas sem consequência funesta pelos porcos do mato. O que parece mais acertado é que o Mucuná é substância purgativa. A emulsão das amêndoas causa ligeira evacuação alvina e provoca as urinas, segundo o que se refere o médico de São Domigos, Poupeé Desportes. Na Bahia e Pernambuco, empregam-se as sedas das vagens como vermífugo. O Sr. de Candolle criou com o nome de Mucuná um gênero da família das leguminosas, que compreende doze espécies, colocando na frente os Dolichos urens e Dolichos pruriens, seguem depois o Mucuna gigantea, Mucuna eliptica e Mucuna platycarpa, cujas vagens ou bagens são enormes.
 

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