Alquequenge, Alquequeriga, Alkekenge, Alkekengi, Physalis alkekengi Linneo, Petandria monogynia, Bexiga de cachorro, Solanum americanum vesicarium Plumier, Família das solaneas
História Natural. O Solanum jacquini ou Physalis alkekengi Linneo encontra-se nas províncias litorâneas do Brasil; planta bos* que assemelha-se à mesma espécie européia e difere desta unicamente por serem as frutas amarelas em vez de vermelhas, como as do Alkekengi da Itália e da Espanha. As raízes são cabeludas, as hastes angulosas, felpudas, avermelhadas e ramosas; as folhas são moles, pubescentes e de cor verde; as flores são solitárias, pedunculadas, de uma peça única, amarela com manchas escuras nas margens. O cálice figura uma bexiga membranosa verde no princípio, a qual, depois de madura, torna-se verde avermelhado; sua fruta tem forma e tamanho de uma cereja, porém de cor amarela, de sabor ácido e ligeiramente amargoso.
Análise Química. A baga exala um aroma volátil muito suave, fornece uma matéria colorante vermelha, um princípio extrativo que abunda, uma matéria que se assemelha à Bassorina, um pouco de albumina e porções de malato ácido de potassa e de cal, sulfato e hydroclorato de cal, fosfato de cal e um princípio açucarado.
Propriedades. Os clínicos da América do Sul costumam receitar o suco das frutas dentro de um líquido ou com uma emulsão de amêndoas, para combater a retenção de urinas e cólicas nefríticas. Outros empregam o extrato nos casos de febres inflamatórias e de hidropsia, junto com alguma tisana aperiente e diurética ou associado ao cremor de sartro solúvel. Tira-se igual vantagem do emprego das folhas e das frutas ou bagas. O Dr. Giliberz recomenda ambas no tratamento da ischuria espasmódica, da ascites, por serem sumamente diuréticas. A dose das folhas e das raízes é de uma onça por libra de cozimento; as flores dão-se por uma oitava; quanto ao suco, receita-se meia onça em uma emulsão ou líquido qualquer. O Dr. Gendron apresentou à Academia das Ciências de Paris uma memória sobre as virtudes antiperiódicas do Alcachenche, a qual diz que a planta americana, como a da Europa, possui idêntica ação terapêutica, porém que todas as partes da planta não a possuem igualmente, sendo as folhas e hastes mais ativas que as bagas secas. A planta madura encerra um princípio amargo concentrado que pode substituir a quina. Os primeiros ensaios empreendidos pelo Dr. Gendron revelam uma poderosa ação antifebril. O autor da Memória relata quarenta observações de febres intermitentes, de tipos diversos, nas quais as virtudes da Alcachenche foram evidentemente favoráveis. Mr. Gendron fez uso geralmente dos pós, porém ele esclarece que se pode preparar a planta de vários modos, como ocorre com a quina. Os pós vermelhos ou amarelos são preferíveis aos verdes, pois a planta toda é antifebril. Todavia, ele aconselha secar ao forno ou ao sol as cápsulas e as frutas, sob o calor de 40 graus centígrados; depois de triturá-los em um almofariz e peneirá-los bem, os pós conservam-se em vasos abrigados da luz. São esses mesmos pós que o Dr. Gendron administra na dose de uma onça por dia, dividida em duas partes iguais. No entanto, ele observa que convém ministrar as doses logo uma atrás da outra, conforme se administra a casca peruana (ver Journal des Connaissance Médicales, 20 de Jan 1851).