Cainca

Cahinca, Cruzeirinha, Chiococea racemosa Jacquin, Família das rubiaceas

Cainca

    História Natural. Arbusto de 4 a 5 pés que se encontra em Minas e São Paulo, eleva-se à maior altura nas matas virgens e lugares umbrosos; ramos cilíndricos, compridos, fracos e glabros; ramos de cipó ou de trepadeira que abraçam outras árvores de maior tamanho, e fixam os ramos entrelaçando-os, muitas vezes, com outros arbustos vizinhos. As folhas são opostas, ovadas, pontudas, inteiras, glabras e luzidas, de pecíolos curtos e do comprimento de duas polegadas. As flores de cor branca amarelada, com corola longa de quatro linhas, pendentes, nascem sobre cachos axilares, opostos, os quais são do comprimento das folhas. Segundo *, o estigma é bífido. Produzem pequenas bagas lenticulares muito brancas, esponjosas e dispermas.

    Análise Química. Segundo Pelletier e Caventou, a raiz contém matéria verde e gordurenta, de cor amarela, uma substância viscosa e um princípio amargo, cristalizável, que foi chamado ácido caincio. O princípio amarelo colorante domina muito mais na Chiococea rancemosa do que na espécie Chiococea anguifuga (ver Fedorentas).

    Propriedades. O Dr. Joaquim Cândido Soares de Meireles levou uma porção de Cainca ao Professor Richard de Paris na ocasião de sua primeira viagem à França, nos anos de 1824 ou 1825 e lá propagou a planta que já era conhecida em Minas pelas suas virtudes drásticas e diuréticas, como consta do Patriota (n° de maio e junho, 184*, p.63). Muito antes, empregavam-se as folhas da Chiococea rancemosa nas Antilhas em decocção como peitorais, e das mesmas se faziam cataplasmas para amolecer tumores cirrosos (ver Poupeé Desportes, Maladies de St. Domingues, 1749, t.*). O emprego da raiz como remédio de hidropisia deve-se aos médicos do Brasil que conseguiram curar as cites e anasarca, administrando cozimento de 4 a 6 oitavas da raiz e dando o extrato aquoso na dose de dois escrópulos. H. Langsdorff, enquanto esteve no Brasil, aplicava quase indistintamente a raiz de cainca e fazia copiosas remessas para a Europa, ultimamente em extratos (Revista Médica Fluminense, t.4, p.407). A Cainca é usada no interior de Minas como emenagoga. Algumas pretas, diz o botânico Manso, vimos que abortaram de propósito por efeito desta espécie, que é muito abundante pelos cerrados de São Paulo para o norte, em todo o Brasil. É subarbustiva de 2 ou 3 pés de altura. (Obra citada). Parece que o efeito da raiz da Cainca é simultâneo e que a casca da raiz é que opera sobre os intestinos como drástico, sobre o sistema urinário como poderoso diurético e sobre o útero como abortivo. Incontestável, é hoje a virtude hidragoga da planta. O Dr. François, médico do Hospício de La Pitié, fez em Paris numerosos ensaios da raiz da Cainca e a reconheceu por ser valiosa nos casos de hidropisia. A sua reputação em todos os países não é mais objeto de controvérsia nem de dúvida. Ela figura na Matéria Médica e os formulários apresentam o modo de prescrevê-la. Segundo Bouchardat, administra-se a Cainca em cozimentos, em pílulas, em pós, em extratos e tintura. A dose do extrato é de oitava e meia para quarenta pílulas. Os médicos brasileiros costumam receitar a raiz em cozimento assim como o extrato em pílulas, sendo remédio muito em uso e de verdadeiro proveito na terapêutica.

 

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