Caapeba

Erva de Nossa Senhora, Cipó de cobras, Orelha d´onça, Parreira brava, Bútua, Cissampelos caapeba, Cissampelos scandens, Diocia Monadelphia de Linneo, Família das menispermeas de Jus

Caapeba

    História Natural. Folhas cordiformes, quase orbiculares, velosas por baixo; flores machas e fêmeas em espigas guarnecidas de brácteas; raízes escuras, torcidas e amargas; hastes lenhosas, cilíndricas, trepadeiras; flores machas pequenas, flores fêmeas em cachos. Martius e A. St´Hilaire descrevem três espécies de Cissampelos, a Cissampelos glaberrima, a Cissampelos ebracteada, e a Cissampelos ovatifolia. Estas duas últimas conhecidas pelo nome vulgar de Orelha d´onça. A Caapeba foi indroduzida na Europa pelo embaixador francês Amelot, em 1688, e a sua reputação médica data desde então. As brácteas sessilas e as frutas são de uma única seção quando os do Menispermum cocculus ou Abútua são em cachos sem brácteas, fazem seu caráter especial.

    Análise Química. A raiz da Caapeba, segundo Neumann, contém mais do quarto de seu peso de extrato alcoólico e pequena poção de extrato aquoso. O chá simples torna-se ligeiramente preto pelo sulfato de ferro. Mr. Feneulle (Journal de Pharmacie, t. VII, p.404) achou a Caapeba composta de resina, um princípio amargo amarelo, outro princípio escuro, fécula de vários sais e uma matéria animalizada. O princípio ou matéria amarga é o mais ativo da raiz, é igualmente solúvel dentro da água e do álcool. A sua propriedade se parece muito com a da Cathartina (amargo de sení). Os sais são amoniacais com nitrato de potassa e supermalato de cal misturados. Recentemente, diz Jonatham Pereira na sua Matéria Médica, p.1793, foi descoberto pelo Wiggers um álcali vegetal na Caapeba, ao qual se deu o nome de  Cissampelino, cuja base é salina e solúvel no éter e no ácido acético.

     Propriedades. O Helvetius, diz que a Parreira brava merecia o nome de medicamento universal, que se lhe havia concedido no Brasil, pois a planta, diz ele, poderia substituir completamente a litotomia. Muitos médicos tem partilhado o entusiasmo do Helvetius. O Geoffroy conta sobre as virtudes que a planta possui para as moléstias das urinas, as úlceras dos rins e da bexiga. O Lochner elogia as suas poderosas qualidades no curativo da hidropisia e da asma. Pison dizia que no seu tempo costumava fazer-se com a raiz uma espécie de cerveja que se tomava como estomacal. Desde muito tempo, reputa-se o sumo das folhas um excelente antídoto das mordeduras de cobras, o que lhe tem valido o nome vulgar de Cipó de cobras. Porém, tal virtude é mais que duvidosa hoje, apesar de todos os fatos contados pelo Descourtilz que melhor o abona como diurético no tratamento da gonorreia. A sua principal virtude parece consistir em favorecer a expulsão das mucosidades do catarro vesical. O célebre cirurgião Brodie gaba muito a sua qualidade diurética e recomenda tomá-lo em cozimento bastante concentrado para obter proveitosos efeitos.  Prepara-se o extrato que se dá em pílulas do mesmo modo que o extrato de genciana. O Dr. Brodie administra o cozimento oito ou doze onças por dia, sendo esse cozimento feito com onça e meia da raiz em três libras de água fervendo, até se reduzir à metade. A tintura, que se diz anticatarral, dá-se às colherinhas, segundo o estado inflamatório das vias urinárias.

 

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