História Natural. Árvore de vinte e tantos pés de altura, das províncias do Maranhão e de Pernambuco, tronco direito. Existem nas províncias do norte duas espécies; o Molungu bravo, o Molungu Manso, duas variedades de erythrina. Encontram-se em Minas e na Bahia árvores medianas, chamadas Molungu, às quais o povo, erroneamente, nomeia também de gameleira por darem frutos que se assemelham a figos e que recordam o mesmo sabor. O tronco acha-se armado de pecíolos pontudos, os ramos apresentam folíolos ovais e glabros; das flores saem vagens que, segundo Sloane, parecem-se com pequenas aspas de moinhos, ou cristas de galo, segundo outros botânicos. Cálice truncado, colorido, monofilo, corola e pecíolos de cor purpúrea viva, estames diadelfos, ovário oblongo; fruta valvular, sementes reniformes.
Análise Química. A amêndoa da fruta é oleaginosa, contém um princípio acre, amargo, e porção do ácido erythrico de Brugnatelli. A Solução aquosa de princípio amargo forma precipitados, com os sulfatos de ferro e de cobre.
Propriedades. Koster, no tomo 2° da sua Viagem, p.100, faz menção ao Molungu, que cresce espontaneamente nos lugares úmidos enquanto os ramos pegam bem em qualquer terreno seco, sendo regados por algum tempo; estes ramos são excelentes para as cercas por terem fortes espinhos e são preferidos aos da aroeira e do pinhão (Fontes, Viagem ao Norte do Brasil em 1817). Alguns químicos de Pernambuco lançaram mão do Mulungu, receitando o extrato do entrecasco ou os pós das sementes para debelar o estado agudo da loucura, e imitando o que fazia Stork com o estramônio e a cicuta. O extrato de Molungu se administra na dose de doze a dezoito grãos em vinte e quatro horas, dissolvendo-o em água. Quando os dementes recusam-se a tomá-lo sob essa forma ou em pílulas, administram-se então banhos gerais do cozimento do entrecasco e clísteres do mesmo. Seria muito útil que, no Hospício Pedro II do Rio de Janeiro, se tentassem experiências clínicas acerca de um agente indígena tão valioso.