Mico

Pós de mico, Fava cosseira, Dolichos pruriens ­­Linneo, Styzolobium pruriens R. Brown, Família das leguminosas

Mico

    Caracteres Botânicos. Hastes cilíndricas, frutas leguminosas em cachos, válvulas espinhadas, pedúnculos ternários. Estandarte da corola ovado, três vezes mais pequenos que os pétalos.

   História Natural. Uma das doze espécies do gênero Mucuna do Decandole, por ele chamado Mucuna pruriens: “Esta planta tem hastes cilíndricas ligeiramente felpudas, pardas e trepadeiras. As folhas são compostas de três folíolos ovados e pontudos de cor verde alegre, quase glabras em cima, cobertas por baixo de pelos finos, luzentes, deitados e de ambos os lados sendo lustrosos como seda. As flores aparecem em cachos axilares, solitários, pendentes, compridos de um pé e mais, e guarnecidos de dez a trinta flores, segundo os terrenos. Os pedúnculos são curtos e dispostos por grãos de três em três. As flores leguminosas oferecem um cálice avermelhado, felpudo; o seu estandarte, cor de carne, é mais curto que os pétalos; as asas são oblongas obtusas de uma cor roxa, querena linear, com ponta dobrada de cor verde esbranquiçada. As vagens são de três polegadas, curvadas em S, guarnecidas do lado e no meio de cada válvula, de uma orla longitudinal e cortante, carregadas abundantemente de pelos luzentes arruivados; as vagens encerram três ou quatro sementes ovadas, lisas, escuras com umbigo branco” (Encycl. Meth.).

   Análise Química. As sedas cáusticas de que estão cobertos os legumes parecem conter uma matéria ácida análoga ao ácido oxálico descoberto por Deyeux nas ervilhas chamadas Grão de bico. Segundo Martius, as bagens dão sementes ou amêndoas compostas de tanino e resina.

   Propriedades. Foi recomendado pelo Chamberlain, o uso dos pelos do Mucuna pruriens como um poderoso remédio contra os ascárides lumbricoides. Estas sedas cáusticas não deitam cheiro, porém o seu sabor é estimulante; administram-se ainda nas províncias do norte como vermífugas. Incorporam-se as sedas cáusticas com xarope comum ou com mel de Jaty, até a consistência de electuário, e dá-se uma colher de chá às crianças de dois até três anos e duas até quatro colheres aos adultos, repetindo-se esta mesma dose nos dias seguintes, e purgando-os com ruibarbo, ou melhor, com óleo de rícino. As sedas operam uma ação mecânica sobre os intestinos, pois não determinam nem dores, nem comichões urentes. Talvez o tanino ou outro qualquer princípio que elas possuem na sua composição seja o agente que melhor debela os vermes. As sedas provocam pelo seu contato com a pele uma flogose viva, a qual cede ao uso tópico do óleo de amêndoas doces, ou bem aplicando-se cinzas quentes às partes irritadas por um atroz  comichão. Acredita-se que as vagens dos Dolichos pruriens ou Mucuna pruriens, em infusão com cerveja, se tornam muito valiosas para a cura da hidropsia, nas Barbadas (Rai. Hist. Plant., 1887). Rheede diz que as sementes são afrodisíacas e as raízes úteis nos casos de catarro vesical, tomadas em cozimento. Tantas virtudes terapêuticas reclamam um exame mais apurado. O Dr. Graëfe tem empregado exteriormente nos casos de paralisias as sedas de que estão cobertos os legumes. Ele recomenda pôr em cima dos membros paralíticos uma camada de sedas, a qual se mantém com uma folha de papel fino com tiras de emplastro diachilon. O enfermo experimenta logo um comichão impertinente que degenera em um calor atroz e imediatamente segue uma inflamação cutânea semelhante à erisipela, a qual obriga levantar cedo o aparelho e procurar acalmar as dores com loções de água fria, ou bem cobrindo as partes com uma mistura de cinzas e gordura, ou com arroz cozido. Assevera o Dr. Graëfe ter alcançado grandes alívios da paralisia com este meio terapêutico (Gazette Médicale, 31 mars 1832).

 

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