História Natural. Abundam a cultura das melancias em várias províncias do Brasil. A melancia tem caule prolongado, rasteiro que cobre grande superfície de terreno. As folhas são verdes por cima, esbranquiçadas por baixo. A flor tem uma corola de cinco recortes cheios de veias, cinco estames, cálice de cinco dentes, cor amarelada. A fruta é oblonga, firme, do tamanho de um melão de maior dimensão, algumas vezes redonda e outras vezes mais comprida do que globular. A pele é lisa, verde, manchada de amarelo, com listras de cor verde claro ou escuro. A polpa é branca, esverdeada, de cor rosa claro e como lustrada segundo as variedades. As sementes são amarelas ou denegridas, sempre guarnecidas de um rolete. O sabor da polpa é açucarado e tem aroma agradável.

    Análise Química. A polpa fornece uma substância aquosa que o sulfato de ferro torna denegrida. O mesmo sumo aquoso fermenta com muita facilidade por ser um suco açucarado. As sementes encerram porção de grande mucilagem muito boa para emulsões.

    Propriedades. “As melancias", diz Gabriel Soares, "se desenvolvem bem na Espanha ou em Portugal, das quais se fazem latadas que duram todo o verão, verdes, dando sempre novidade; delas, também se faz conserva muito substancial” (Cap. 56). As melancias por quase por todas as partes do Brasil, diz o P. Cazal, é excelente (p.76). Com efeito, é comida temperante que desaltera e refresca. Em moléstias agudas, é poderoso calmante para temperar a sede e o ardor febril, fazendo o paciente chupar a polpa e dando-lhe o suco em clisteres. As sementes servem para emulsões e orxatas, e tira-se partido das folhas para compor cataplasmas emolientes. Em todas as províncias do Brasil, costuma-se comer a melancia como sobremesa, uso muito melhor do que se pratica em outros países, onde comem melancias à noite. Na província do Mato Grosso, prospera a cultura das melancias melhor talvez que nas outras províncias do Brasil. É um grande recurso para os viajantes. Encontram-se no sul e no norte do Império variedades de melancias, sendo as de polpa vermelha mais saborosas. Não se acha ainda introduzida a espécie de melancia que tem a pele fina como papel e casca como seda que o Molina assevera ser oriunda do Chile.